Benfica 2 - 0 Rio Ave

Era uma vez, o Benfica. Um Clube que celebrou ontem 117 anos, e que não joga nada há 117 dias. Perdão. Um Clube que não joga nada desde que começou a ter casos de Covid no plantel, e desde que os adeptos começaram a contestar más decisões da "direcção". Assim é que estou alinhado com a narrativa oficial. Mesmo que outros tenham tido casos muito mais cedo do que nós, e mesmo assim conseguiram uma vantagem de 13 pontos. Esqueçam lá aquilo dos 117 dias, porque senão ainda voltamos a seja lá o que for que fazíamos até este jogo.

O optimista que há em mim, lembra-se bem de quando começámos a recuperar um Campeonato mais ou menos por esta altura, precisamente num jogo contra o Rio Ave. Também nessa altura vínhamos de uma fase má, com muita contestação e muito pouco Benfiquismo. Nesse mesmo jogo, brilhou um jovem prodígio da formação (ou como lhe chamaria o nosso treinador, um ingrato que não quis esperar pela oportunidade), que ajudou muitas vezes a fazer aquela coisa nova que se chama "golos", ou lá o que é. E também nesse jogo, esteve em campo um homem que me assusta sempre que se aproxima do Estádio da Luz. Agora a sério, sou só eu que tremo quando vejo o Filipe Augusto tão próximo do regresso? Se calhar, é ele o jogador de 27 anos que Kim Jong Vieira disse que ia voltar. Tem a idade e o empresário certos, tenham lá cuidado com isso. E ver este rapaz jogar contra o Benfica assusta-me, também, pela vontade que ele tem de bater em toda a gente que seja melhor trinco do que ele foi na Luz. Se ele continua com esta iniciativa, até a mim me calha qualquer coisa.

Mas voltando aos golos do Benfica, acho que a Equipa leva demasiado a sério aquela brincadeira de ver quem acerta mais vezes no poste. Isso só vale jantares e pontos nos treinos, malta! No jogo, convém que a bola entre mesmo. Quando a bola finalmente entrou, à alegria do golo seguiu-se uma tristeza que eu não consigo explicar bem. Porque não sei é mais triste a minha surpresa por marcarmos, ou a minha surpresa por fazermos uma boa jogada. Tal como nesse jogo - o tal onde começámos a recuperar o campeonato - hoje o Seferovic também marcou o nosso primeiro golo. E se antes tínhamos o Jonas a marcar com assistências do André Almeida, hoje tivemos o Everton a assistir o Haris. Enquanto não tivermos dinâmicas de Equipa (estamos no início da época, é normal que não as tenhamos), temos de nos contentar com estas dinâmicas entre jogadores e tipos porreiros que até fazem umas graças.

No lado oposto do campo, o Helton foi obrigado a ser um guarda-redes de Equipa grande, contra uma Equipa do meio da tabela. O que tem acontecido muito ultimamente, até contra Equipas que lutam para não descer. Felizmente, a guardar a nossa área estiveram dois centrais em pólos opostos da carreira: enquanto o Lucas Veríssimo está a fazer os primeiros jogos em Portugal, o Jardel está a fazer os últimos. Ainda assim, ambos estão em período de adaptação. O Lucas está a adaptar-se ao Futebol Europeu, e o Jardel está a adaptar-se à velocidade de pessoas com menos de 70 anos. Falando em áreas, ainda não foi hoje que se quebrou um dos mais bonitos recordes do nosso "Futebol". Um terço do Campeonato jogado, múltiplas infracções cometidas por adversários, mas apitar que é bom, 'tá quieto. O Benfica tem sido protagonista de algumas novelas ao longo dos anos (as renovações do Luisão e do Samaris ou a contratação do Cavani, por exemplo), mas uma das que promete não acabar tão cedo é a "Mais Depressa Corto Os Tomates Rente, Do Que Assinalo Um Penalty Para o Benfica".

Esta produção conjunta entre a Liga de Clubes e o Conselho de Arbitragem teve hoje mais um capítulo, em que o Seferovic foi puxado dentro da área, com o senhor Nuno Almeida a ver. Consciente de que tem família e de que o seu escritório de advocacia tem várias janelas sensíveis a tijolos, o senhor Nuno Almeida resolveu marcar alguma coisa que não levantasse perigo. Nem me lembro do que foi, mas provavelmente foi um pontapé de baliza contra nós.

CARREGA BENFICA!