Famalicão 1 - 5 Benfica

Não havia melhor jogo para o Zlobin se estrear oficialmente na nova Equipa. A melhor coisa que podia acontecer ao guarda-redes Russo era estrear-se contra nós e com um resultado destes, para que não haja a mínima dúvida relativamente ao profissionalismo do rapaz. Porque esta noite o Ivan sofreu 5 golos, mas em nenhum deles vai haver a mínima suspeita de que foram sofridos intencionalmente. Porque para sofrer golos intencionalmente, é preciso ver a bola a passar. Mas se o jovem Russo teve uma noite completamente oposta à do Vlachodimos - que neste jogo foi literalmente pago para ver a bola - os seus colegas tiveram dificuldades ainda maiores. Porque é fácil perder o rasto a uma bola, mas devia ser completamente impossível perder o rasto a toda uma Equipa, especialmente quando ela se apresenta em forma de avalanche. Mas mesmo tendo estado rodeados por jogadores do Benfica, foi possível ver na cara dos jogadores do Famalicão a pergunta "por onde é que este c#$%ão entrou?", durante toda a primeira parte.

Esta falta de vista torna-se ainda mais incompreensível quando pensamos no Adel Taarabt, que entrou em campo a querer carregar a Equipa como quem carrega quinquilharias na mala de um Renault 21. O Marroquino esteve em tantos sítios ao mesmo tempo, que durante os 90 minutos conseguiu atacar, defender e correr todos os cafés de Famalicão, vendendo material contrafeito para ajudar a abater os 40 milhões que arderam na Grécia. O Adel ajudou também a que se conhecesse uma evolução no treinador, durante a entrevista no fim do jogo. Jorge Jesus já acerta em todas as letras dos nomes que quer dizer, mas a acentuação ainda lhe sai ao lado. Esta situação que levou a que o nosso DJ Khaled fosse rebaptizado como "Ádel", e foi também devido à barreira linguística que Gian-Luca Waldschmidt perdeu a titularidade na Grécia, em detrimento do Pedrinho. Ou pelo menos é o único argumento que faz sentido, olhando para a qualidade dos dois a desempenhar as mesmas funções. O jovem Alemão jogou hoje, porque entretanto o Treinador já aprendeu a dizer "Luca".

O Treinador cujo lema de vida é "Aguenta, Camões" originou também, involuntariamente, um momento curioso ao intervalo, quando o Darwin e o Everton estavam a voltar ao relvado,perguntando um ao outro se tinham percebido alguma coisa daquilo que o Homem Dos Maxilares De Ferro tinha dito ao intervalo. Os dois reforços chegaram à conclusão de que nem um nem outro fazia ideia do que tinha sido dito, e por isso resolveram correr para o sítio que fizesse o Treinador gritar menos. Daí nasceram dois golos, pelo que foi uma boa decisão. Everton "Di Maria" Soares marcou um deles, o que faz dele um extremo-esquerdo sul-americano que marcou no primeiro jogo oficial pelo Benfica. E esta definição, para os mais esquecidos, costuma resultar numa de três coisas: apagão súbito, lesão para o resto da época ou venda no próximo Verão. Uma vez que parece impossível que um jogador de qualidade fique no Benfica mais do que uma época, não me queixava nada se o Everton caísse uns furos lá para Janeiro. Não tenho nenhuma embirração com o rapaz, mas tenho uma bastante grande com as comissões do Jorge Mendes.

Falando em reforços que não percebem muito bem o que se passa à sua volta, ponham-se na pele do Vertoghen. Um jogador que percebe perfeitamente o novo Treinador, já que o mister também fala no seu Flamengo nativo, mas que não percebe como é que veio parar a um Campeonato em que os árbitros apitam mais vezes em 10 minutos, do que os árbitros Ingleses apitam numa jornada inteira. Mas estes textos servem para mais do para uma série de críticas gratuitas. Também servem para isso, mas às vezes servem para mais. E hoje servem para mostrar um sinal de esperança no futuro, vindo da fonte mais insuspeita. Porque nunca três passes falhados me deram tanta esperança como os três passes que falhámos no início do jogo, e que parecem ter morto de vez a clássica abertura na direita para um cruzamento sem nexo junto à área. Tenhamos fé, Jesus está literalmente no comando.

CARREGA BENFICA!