Shakhtar Donetsk 2 - 1 Benfica

É fácil (muito fácil e apetece-me mesmo muito) criticar na hora da derrota. Mas aqui prima-se pelo bom gosto e pelo elogio quando ele é merecido, mesmo nos momentos difíceis. E eu tenho de elogiar o nosso Presidente visionário (algumas pessoas diriam que "alucinado" seria também um bom termo), quando disse que estamos 10 anos à frente da concorrência. Porque daqui a 10 anos já não vai haver Equipas Portuguesas nas competições europeias, mas nós a continuar assim tratamos disso já para a semana. Mas nem só o nosso Presidente sofre de perturbações mentais que o fazem dizer enormidades destas. É preciso que alguém vá acalmar todos os entendidos da bola do nosso País, que estão a passar por um momento de histeria colectiva depois de terem visto finalmente um lance de dúvida decidido a nosso favor. Os dos rivais (ahahahahahah... isto começa a doer, pessoal) porque agora já podem dizer que 4 centímetros não é fora-de-jogo nenhum, e os do Benfica porque têm mais um argumento para convidar árbitros estrangeiros a chapinhar alegremente no esgoto em que todos eles (sem excepção) estão a transformar o nosso "Futebol".

Não satisfeito com a loucura que causou ao seguir as regras no primeiro golo do Shakhtar, o senhor Bobby Madden levou esta modernice (e o teste à nossa sanidade mental) ainda mais longe, ao deixar para avaliação um golo limpo. E se já é mau fazer-nos esperar para saber se há ou não fora-de-jogo, marcar um penalty a nosso favor em vez de dar o golo roça o sadismo. Mas talvez tenha sido esta sucessão de passos em direcção à loucura que me fez pensar em algumas pessoas capazes de fazer melhor do que quem esteve em campo neste jogo. E assim de repente lembro-me do Rui Costa no seu estado actual de reformado, do Eusébio no seu estado actual de decomposição e de mim, no meu estado actual de depressão pós-jogo em que o Sr. Bruno começa a deixar-me. Falando em idosos (ou de pessoas que jogariam como um, no meu caso), de há uns meses para cá nota-se cada vez mais a falta do Luisão no nosso balneário. O Senhor Capitão não é bonito nem jogava bonito, mas vê-lo meter esta malta na linha era lindo de se ver. Faz falta alguém que nos tire desta fase, em que deixámos de parecer o Benfica e parecemos cada vez mais a Selecção de Andorra: se der para empatar ou para não perder por muitos, não vamos mal. E já não é só na Europa.

É claro que vai haver sempre a desculpa de termos jogado com muita gente jovem, que não tem grande experiência e que o clima também não esteve do nosso lado. E a isto eu respondo que, quando não se sabe fazer amor, até os testículos estorvam. E já que se fala de coisas tão distantes do tema "Futebol" como a prestação do Benfica nas competições europeias, deixem-me dar também a minha opinião enquanto fã de desporto motorizado, que começo a seguir mais afincadamente a cada jogo nosso: se formos com um autocarro de tracção traseira para um país cheio de neve, e metermos esse autocarro nas mãos de gente que mal tem carta de condução, em princípio temos um eucalipto à espera para nos abraçar. Há no entanto que elogiar mais uma vez quando é merecido, e por isso tenho que elogiar a consistência da Equipa durante o jogo, porque entrámos na segunda-parte como na primeira: apenas eventualmente e durante poucos minutos. Isto falando dos jogadores que de facto entraram em campo, porque o Florentino, num país de neve e a jogar de branco, camuflou-se perfeitamente na paisagem. O problema é que isso não jogou de todo a nosso favor, já que o nosso Makélélé (dêem-lhe tempo) não conseguiu a habitual proeza de cobrir 80% do campo, tendo antes jogado com uma cobertura sobre 100% dos próprios olhos.

E eu percebo esta ideia do miúdo, e até sou capaz de a defender. Principalmente depois de ver os dois golos do Shakhtar, que tiveram ainda assim o lado bom de mostrar que a burocracia entre Portugal e Ucrânia está muito mais agilizada. Porque os jogadores Ucranianos entraram tão facilmente na nossa defesa como um emigrante Ucraniano entra legalmente em Portugal.

CARREGA BENFICA!!