Famalicão 1 - 1 Benfica
- Filipe Pires
- 12 de fev. de 2020
- 4 min de leitura

De vez em quando, há assuntos extra-futebol que me parece pertinente abordar aqui. Como por exemplo, o nosso passivo. O nosso famoso passivo, que ninguém sabe bem o que é (eu incluído), mas que serve como arma de ataque tanto para adversários que querem esconder casas a arder, dizendo que não estamos tão bem como parece, como para "Benfiquistas" que querem fazer da Luz uma casa a arder, dizendo também eles que não estamos tão bem como parece. Os motivos para ambas as atitudes são, para mim, mistérios mais profundos do que a origem do Universo, ou até do que o motivo para não conseguirmos coçar toda a zona das costas, apesar dos 10.000 anos de evolução da espécie humana. Mas continuando com o passivo, creio que encontrei a solução para este problema. Basta que cada Benfiquista contribua com 1 Euro por cada passe que falhamos. Se fizermos a coisa retroactivamente desde Janeiro, no fim do mês temos as dívidas pagas, corrigimos o défice do país e ainda sobra dinheiro para meio depósito de gasolina em qualquer bomba de Portugal. Ou para atestar uma frota de autocarros, se formos a Espanha.
Depois desta pertinente introdução, vamos então à análise cómico-táctica de um jogo contra uma Equipa que levou 7-0 aqui há dias, e contra a qual passámos a segunda-parte a jogar como se estivéssemos de volta a Vigo. Hoje num formato ligeiramente diferente, porque me apetece.
Vlachodimos - o período em que sofremos mais golos coincide com a melhor fase do nosso guarda-redes. A segunda metade dos anos 90 ligou e nós rejeitámos a chamada, mas ela continua a insistir.
Grimaldo - é um daqueles jovens que tentou a carreira dos seus sonhos, mas que mais tarde ou mais cedo vai ser forçado a seguir a via das forças armadas. Com os nós que tem levado nos últimos jogos, a Marinha é uma boa alternativa.
Rúben Dias e Ferro - neste momento, o homem mais perigoso para um central do Benfica é o outro central do Benfica. Mas enquanto o Rúben fez formação junto de centrais que viam um passe para a frente e diziam "pfft, modernices...", o Francisco está a fazer formação junto de um central que, por este andar, não está cá para o ano. Faz falta tanto de Luisão no Ferro como fazia falta um pouco de Ferro no Luisão.
Tomás Tavares - velocidade, consistência defensiva, técnica, boa integração no ataque, deixou apenas muito eventualmente que um dos melhores jogadores em Portugal metesse a cabeça de fora do seu bolso, e tem 18 anos de experiência ao mais alto nível. Eu disse ao mais alto nível? Desculpem, queria dizer de idade.
Florentino - a Equipa esforçou-se colectivamente na perda de bola para que o nosso jovem Makélélé a pudesse recuperar, voltando assim a ter ritmo competitivo. Continuamos no entanto à espera que ele entre em campo. Ou que nos seja devolvido pelo Racic.
Taarabt - é neste momento o nosso melhor jogador. O seu nome traduzido para um língua Europeia significa Rui Costa Pirlo Vieira e desejo-lhe rápida recuperação para a lesão que deve estar prestes a contrair.
Cervi - uma espécie de Benfica.rar, que consegue comprimir no seu metro e sessenta e cinco tudo o que significa ser Lampião. Capaz de lavrar terreno de uma área à outra, para recuperar a bola com fogo nos olhos, e capaz de fazer uma assistência de calcanhar com o guarda-redes adversário em cima dele. A Liga e a Federação estão a tentar acabar com uma das piadas clássicas desta rubrica, autorizando que se mostre amarelo a quem o atropela.
Pizzi - vai se a ver e os calções do Racic têm dois bolsos. Um deles tem um buraco, por onde o Pizzi escapou para fazer o golo, mas têm dois bolsos ainda assim.
Rafa - protagonizou um regresso ao passado, aos tempos em que todos questionámos o valor da sua transferência. O Cruijff de Setúbal diz que jogar de três em três dias é o ideal para manter a competitividade, mas para haver competitividade é preciso que os jogadores possam com uma gata pelo rabo.
Vinícius e Seferovic - mais um regresso ao passado, desta vez aos tempo do "temos dois avançados muito úteis tacticamente": A ficha de jogo, a folha de pagamentos, o nosso primeiro golo e o cansaço dos centrais do Famalicão são as únicas provas da sua presença em campo.
Chiquinho - é aquele amigo que trabalha até tarde e que só aparece no jogo quando toda a gente está cansada. Farta-se de correr e de pedir a bola, mas os seus colegas já só pensam na hora de levantar no dia a seguir e num sítio para comprar muletas antes de ir para o trabalho.
Samaris - entrou aos 86 minutos para ajudar a fechar o meio-campo e para conseguirmos arrancar um empate em Famalicão. O optimista que há em mim diz que isto é um bom sinal da evolução do "Futebol" em Portugal rumo à queda das aspas, mas a verdade é que a segunda metade dos anos 90 ligou e nós rejeitámos a chamada. Mas ela continua a insistir.
CARREGA BENFICA!!
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