Porto 3 - 2 Benfica

No Futebol, como na Vida, há poucas verdades universais. Uma delas é que o Porto vai sempre encarar um jogo contra o Benfica como se fosse um Campeonato jogado num dia só, enquanto nós encaramos isto como apenas mais um jogo. No fim acabamos atropelados por três jogadores de Futebol, sete rapazes de quem nunca ninguém ouviu falar e o Pepe. Outra das verdades universais do Futebol é a que nos diz que, sempre que pode dar a machadada final num adversário, o Benfica vai falhar redondamente e acertar no próprio pé. Por fim, e esta talvez seja a mais recorrente de todas, temos o facto comprovado de que, sempre que o Benfica começar a mandar no jogo, os jogadores do Porto vão recorrer a uma táctica mais antiga do que o 2-3-5 do Uruguai em 1930: confusão para parar o jogo, lesões simuladas, condicionamento do árbitro e virar de pernas para o ar tudo o que tenha uma camisola diferente da deles. Enfim, já se sabe como são as equipas pequenas.

Pronto, agora que já passou a azia, vamos às piadas.

Por exemplo esta: o que é que dois árbitros fazem quando um jogador do Benfica é empurrado pelas costas e joga a bola com a mão sem sequer estar a olhar para ela? Um deles diz ao outro que é penalty, e diz-lhe também para ir ver imagens em directo do Macaco Madureira e do Guarda Abel a olhar para as suas famílias numa cave, enquanto o Paulinho Santos sorri ao agarrar uma moca com pregos. Mas eu acredito que, tal como nós, o próprio Ferro ainda não tenha percebido o que se passou nesse lance, ainda que por um motivo diferente. Enquanto nós não percebemos aquela decisão porque temos duas coisas chamadas olhos, o Ferro não percebeu aquele penalty porque, de há uns meses para cá, o rapaz anda em campo tão concentrado como uma criança hiperactiva. Se não gostaram desta piada, vamos à música. Em 1976, Bob Dylan disse que Rubin Carter podia derrubar um homem com apenas um murro, mas que não gostava de se gabar disso (1). Em 2020, o mesmo pode ser dito sobre Moussa Marega, mas com a diferença de que o Maliano não só se gaba disso como se gaba também de que Artur SD olhou ostensivamente para o lado, mesmo estando a dois metros do lance. E mesmo que um jogador do Benfica tenha ficado inconsciente no relvado. Se houve chamada de atenção para esta agressão? Vocês são engraçados.

No entanto, nem só de pancada que não foi vista se fez este jogo. Também se fez de pancada que foi vista mesmo não tendo existido. Foi o caso do Grimaldo, que pareceu ter feito o que toda a gente quer fazer - dar uma chapada no Otário, perdão, Otávio - mas que, como diria o Pizzi, NÃO LHE TOCOU, C!"#LHO! Minutos depois deste lance aconteceu uma demonstração de respeito, mais uma vez num gesto mal interpretado por toda a gente. O que parecia ser um pedido de calma de Artur SD ao Otário, perdão, Otávio, foi na verdade uma vénia do árbitro ao actual maior mete-nojo dos relvados Portugueses. Quem leu até aqui sem ver o jogo pode ficar com a ideia de que o árbitro teve influência no resultado (e teve) mas há um ponto positivo na actuação dos senhores do apito: conseguiram passar os primeiros 30 segundos sem marcar faltas ao primeiro contacto, provavelmente porque o Porto ainda não estava a ganhar.

Não se preocupem, eu não me esqueci da miséria que apresentámos em campo. Simplesmente estou a recriar neste texto aquilo que aconteceu no jogo: os jogadores do Benfica só aparecem na segunda parte. Ainda que com um ou outro assomo durante a primeira, como a falta de respeito do Rafa para com os rins do idoso Pepe. Este lance teve consequências durante e depois do jogo, já que o Pepe teve de sair para ir fazer hemodiálise de urgência, e o Corona fez o mesmo ao Rafa na segunda parte, originando a melhor forma de lidar com o que aconteceu neste jogo: abram qualquer rede social em que estejam inscritos e bebam um shot de uísque (podia escrever whisky, mas uísque é muito mais engraçado) por cada piada sobre o Coronavírus que encontrarem. Eu tenho estado a fazê-lo e posso dizer que uísque combina maravilhosamente com melão. Já que falamos em apreciadores de pinga, há uma história sobre Paul Gascoigne no Mundial de 90, em que Sir Bobby Robson disse que Inglaterra precisava de duas bolas: uma para Gazza e outra para o resto da Equipa. Neste jogo precisávamos de algo parecido: havia uma bola para os jogadores do Benfica perderem e outra para o Vinícius tocar mais umas 15 vezes e mudar drasticamente o tom deste texto.

CARREGA BENFICA!!

(1) https://www.youtube.com/watch?v=bpZvg_FjL3Q