Benfica 3 - 2 Belenenses SAD
- Filipe Pires
- 1 de fev. de 2020
- 3 min de leitura

Em Setembro de 1944, quando o primeiro míssil V-2 atingiu Londres, Wernher von Braun terá dito a frase: "o míssil funcionou na perfeição, exceptuando ter aterrado no planeta errado". Em Janeiro de 2020, ao ver a nossa segunda parte contra Seja Lá O Que For Que Sobrou Do Belenenses, alguém ligeiramente menos ilustre terá dito a frase: "a bola foi passada na perfeição, exceptuando ter ido sempre parar aos jogadores errados". E considerando que se seguem dois jogos consecutivos contra equipas que também jogam de azul, é boa ideia deixar já de lado este appel du vide, que nos leva a deitar tudo a perder quando temos tudo para ganhar.
Isto hoje começou um bocado estranho, eu sei.
Com tantas tendências fatalistas, é irónico que tenha sido alguém de um país Muçulmano a tentar dar não um, mas vários pontapés na noção de que só sabemos ganhar com a corda no pescoço e de que preferimos ganhar títulos apenas no último minuto do último jogo. E deu vários pontapés também na ideia de que preferimos ganhar esse mesmo jogo depois de termos entrado a perder. Nada mais errado do que estas ideias. Se for possível chegar a meio de Abril com o Campeonato resolvido toda a gente fica feliz, podes continuar a jogar assim Adel, furando as defesas adversárias como furavas filas para chegar ao balcão do bar. Tu e o Odysseas, que neste jogo foi a voz dos adeptos, porque disse aos defesas do Benfica o mesmo que nós dissemos, sempre que um deles fazia um atraso com dois jogadores de Seja Lá O Que For Que Sobrou Do Belenenses a pressionar. E esta comunhão de ideias foi de tal ordem que, já nos últimos minutos da partida, os sempre bem posicionados microfones do Portal do Algarve permitiram ouvir o guarda-redes Grego dizer ao André Almeida "f"#a-se oh André, a braçadeira é para usar no braço! Não é para vendar os olhos!"
O problema é que, entre a Grécia e Marrocos, houve na Luz um mar Mediterrâneo também ele sem corrente e sem fluxo, tanto de ideias como de bola. Na verdade, a única coisa que fluiu ali foi a muita água que o Grimaldo, o Ferro, o Almeida, o Weigl e o Pizzi meteram. Mas eu prefiro ver as coisas pelo lado bom, e pensar que este apagão de ideias foi simplesmente uma forma de homenagear o Todo Poderoso Ljubomir Fejsa. Porque com tantos passes mal feitos, tantas dobras para fazer e com tantos adversários para embolsar, o Bulldozer Sérvio ia fazer o jogo de uma Vida. E foi bonito ver este reconhecimento à capacidade que um só homem tinha para anular onze (sim, às vezes o guarda-redes adversário também acordava coberto de cotão de bolso), mas agora que já está feito podemos voltar a jogar como até aqui. E se quiserem um bom exemplo de como separar amizade e trabalho basta olhar para o Carlos, que correu como um trinco, assistiu como um 10 e marcou como um Vinícius. Ou então olhem para o Rafa, que mesmo sem ser brilhante (ninguém foi) tentou ainda assim semear a discórdia na Família Varela, deixando o Tio Silvestre e o Sobrinho Nilton a discutir sobre quem é que devia estar a marcá-lo. E ainda teve tempo de cometer não cometer um penalty que Nuno Almeida prontamente apitou, depois de cometer uma falta fora da área que o árbitro deixou passar.
CARREGA BENFICA!!
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