Paços de Ferreira 0 - 2 Benfica
- Filipe Pires
- 27 de jan. de 2020
- 4 min de leitura

Ainda me lembro que, quando se debatia a instalação ou não do VAR em Portugal, uma das maiores bandeiras dos nossos rivais (ahahahahahahahahahahah) era que, com um auxiliar à arbitragem, os golos ilegais do Benfica iam deixar de valer. Não é que alguma vez tenhamos sido mais beneficiados do que eles nesse ponto, mas eles gostam de imaginar esse género de coisas. Isso, troféus e presidentes ainda vivos. Mas o que os nossos rivais (ahahahahahahahah, esta é daquelas que não perde a graça) se esqueceram de dizer - e talvez isto tivesse acelerado a implementação do sistema - foi que, com o VAR, não eram só os golos ilegais do Benfica que iam deixar de valer. Os golos legais também iam à vida e foi isso mesmo que se viu hoje, quando o Vinícius, o nosso tanque com a agilidade de um Maseratti (ou Panzeratti, se quiserem) recebeu a bola tendo o ombro (sim, o ombro) adiantado uns escandalosos quatro centímetros. O ombro, volto a frisar. Mas quando eu me queixo do VAR, a verdade é que falo de barriga cheia. Porque como vi o jogo no trabalho, quando marcámos o primeiro golo (não o primeiro golo que valeu, o primeiro golo mesmo) tive meia hora para adiantar serviço e depois consegui ver o resto do jogo descansado.
Mas este foi um jogo muito bonito. Não só porque ganhámos e não só porque é bom ter adversários que preferem jogar para ganhar do que para não perder. E isto começa a acontecer cada vez mais vezes, o que é verdadeiramente maravilhoso para os adeptos. Este jogo foi bonito porque me levou de volta à infância. Não esta que estou a atravessar agora, mas a infância que atravessei quando tinha idade para isso. Porque quando eu era pequeno os jogadores eram todos iguais e era sempre o mesmo que tinha a bola. E neste jogo, com tanta qualidade de passe e tanta e tão boa circulação, toda a gente parecia o Pizzi. Até o Vlachodimos pareceu um Pizzi de branco, e por entre as raras vezes em que tocou na bola ainda teve tempo de me negar o fatalismo, quando o Paços quase marcou e eu dei por mim a pensar que se aquele entrasse também não era o fim do Mundo, marcávamos outro a seguir. Foi nesta altura que o nosso guarda-redes voou direito ao chão e garantiu que eu vou voar direito à cama bastante mais descansado durante mais uma semana. Agora a sério, o homem defende tanto que, se os jogadores do Paços tivessem tentado marcar tanto como tentaram forçar um vermelho ao Weigl, tinham perdido na mesma. Porque o Vlachodimos defende mesmo muito.
Se houve mais Pizzis, perguntam vocês? Claro que houve. Basta olhar para o primeiro golo para perceber isso, principalmente para aquele passe feito pelo Pizzi da Amadora, a desmarcar o Pizzi de Alverca. E falando em Alverca, o nosso Presidente que preste atenção a estas palavras: nós não precisamos de formar mais avançados, médios, guarda-redes ou laterais-esquerdos. Nós precisamos é de formar um caceteiro que mostre jogo a jogo que não demora muito até ser o melhor central do Mundo. De preferência antes de nos levarem o Rúben. E quem diz o Rúben diz o Ferro, o Gabriel, o Weigl e o Vinícius, os cinco jogadores que mais se sentiram em casa neste jogo. Porque todos as cidades do Mundo são a nossa casa. Porque a Onda Vermelha é imparável e torna qualquer Estádio do Mundo numa embaixada do Benfica. Porque o Benfica é latifúndio a perder de vista, com adeptos em todos os cantos desta esfera em que vivemos. E porque eles são cinco armários e o jogo foi na Capital do Móvel. Se houve mais jogadores a ter "Momentos Pizzi"? Claro que houve! Assim de repente, lembro-me do cruzamento perfeito do Vinícius para o André Almeida, numa jogada que, se tivesse sido concretizada, resultava num erro fatal na Matrix, por ser insustentável tanta ironia. Se eu preciso de mais umas horas de sono? Também!
Mas nem só de Pizzis atacantes se faz uma Equipa. Também é preciso ter Pizzis defensivos e nós tivemo-los, nas figuras de Gabriel "Rolo Compressor" Pires e Franco "Rolo Da Massa" Cervi. Dois jogadores que, no fim do jogo e com o resultado já feito, continuaram a correr e a pressionar como se o Estádio da Mata Real fosse o Atatürk e como se este jogo estivesse a ser jogado no final de Maio e não no final de Janeiro. E parece fácil orientar uma Equipa assim, mas acho que o Bruno Lage ainda pode melhorar em algumas coisas. Por exemplo, as indicações ao Seferovic. O nosso treinador insiste em explicar ao Suíço todas as movimentações e todo o papel que ele vai ter no nosso desenho táctico, quando na verdade as instruções ao Haris se deviam resumir a: "pensa que estamos a perder e imagina que estás a ser marcado pelo Maldini". Quando isto acontecer, é apenas uma questão de tempo até que toda a gente que insulta o rapaz mude o discurso para "eu sempre disse que ele é duas vezes melhor que o Ronaldo, vocês é que só sabem criticar".
CARREGA BENFICA!!
Comments