Benfica 3 - 2 Rio Ave
- Filipe Pires
- 15 de jan. de 2020
- 4 min de leitura

Antes de mais, o crédito e o mérito a quem os merece. É preciso um visionário de um nível muito Especial para marcar um jogo de Futebol entre a hora d'Os Patinhos e a abertura de emissão da RTP. Tudo foi óptimo na calendarização destes quartos-de-final, já que a Liga e a Federação mostraram a maior das coordenações para montar uma tempestade perfeita, à qual se junta o derby da próxima sexta-feira, mas durante a qual os jogadores do Benfica conseguiram (até agora) passar entre os pingos da chuva. Foi a junção perfeita da visão de Fernando Gomes e da audição de Pedro Proença, se quiserem. E foi óptimo também para quem gosta de ir ao Estádio, tendo o próprio Filipe Augusto comentado que esta assistência, a uma terça-feira à noite às 21:15, o levou a recordar as melhores casas que viu durante a sua passagem pelo Benfica.
Tudo isto regado com uma excelente actuação do Humorista Artur SD, que neste jogo conseguiu mostrar que nem sempre o Humor nonsense é inconsequente. Porque não fez sentido nenhum deixar passar o penalty sobre o Chiquinho, mas em consequência dessa aplicação do famoso "deixa arder", este excelente Rio Ave (sem ironias) marcou o golo que os colocou de novo em vantagem. Esta podia ter sido a surpresa da Taça, mas infelizmente o bit "Vocês já repararam de quantas maneiras diferentes é que eu tento tramar o Benfica e nunca consigo?" começa a ficar batido. A sugestão deste amador é que o profissional Artur SD mude um pouco o texto, talvez para algo mais parecido com "Vocês já repararam que se eu passar um jogo inteiro sem fazer merda, o Futebol é muito mais bonito?" Enfim, preferências. Preferências como a titularidade do Weigl começa também a ser, ainda que, contas feitas, tenhamos entrado a perder nos dois jogos que o jovem Alemão leva pelo Benfica. Talvez esta seja a forma de o plantel dizer "isto com o Julian é tão fácil que até damos um de avanço", mas agora já chega. Já todos percebemos a mensagem, vamos lá passar de vez à fase do rolo compressor.
E desengane-se quem achar que não temos Equipa para isso. Basta pôr os olhos na nossa defesa, onde está um central com uma leitura de jogo impecável, uma capacidade invulgar de fazer e anular passes longos e que, sempre que tem oportunidade, começa ele próprio a construção conduzindo a bola, tanto é que o nosso segundo golo nasce de um cruzamento dele para a área. E se nunca pensaram que alguém ia escrever isto sobre o Espero-Que-Não-O-Vendam-Antes-De-Ser-Capitão Rúben Dias, juntem-se aos outros 13.999.999 Benfiquistas na admiração por este homem, que consegue ser a rocha na qual assenta um Zlobin com o sentido posicional do Stevie Wonder em Bagdad, bem como um Ferro que ultimamente tem tido pés de chumbo. É também este jovem arruaceiro formado no Teatro Bolshoi que serve como rampa de lançamento para os dois laterais que, neste jogo, talvez tenham tido algum excesso de solidariedade entre eles. Pelo menos nos primeiros minutos, altura em que, sempre que um deles fazia asneira, o outro tentava superar logo a seguir. Mas enquanto o Tomás Tavares se firmou no alto dos seus 19 anos (que mais parecem de experiência do que de vida) para arrancar mais uma gigantesca exibição, o Grimaldo passou todo o jogo a mostrar que também merece um diploma (ou pelo menos um certificado de formação) da Escola de Cruzamentos André Almeida.
Mas nem só na defesa estão os nossos argumentos para começar a cilindrar tudo o que mexer até ao fim da época. Também temos no meio-campo gente habilitada para conduzir o Bulldozer Encarnado, a começar por esse Colin McRae Marroquino chamado Adel Taarabt, capaz de inspirar nos adversários o mesmo terror que Nosso Senhor Lionel Messi, ainda que de forma algo diferente. Porque se quem encara D10S treme quando Ele tem a bola nos pés, os adversários do Benfica começam a tremer quando o Adel parece que a vai perder, rezando a todos os santos para não entrarem na compilação "Ratadas do Adel" no final da época. Mas tal como todas as rezas, também essas são inúteis. Havendo um meio-campo assim, em que génios como Taarabt, Gabriel, Chiquinho, Pizzi (que teve um momento com um apanha-bolas depois do jogo absolutamente digno da braçadeira que usou), Weigl e até o próprio Samaris conseguem aliar qualidade com bola a uma agressividade positiva sem ela, o ataque tem uma tarefa muito mais facilitada. Mesmo que nesse ataque esteja um homem chamado Haris Seferovic, conhecido por enervar toda a Nação Benfiquista até ao tradicional jogo com o Rio Ave ou com o Vitória nesta altura do ano. É nesta altura que ele começa a marcar golos como um doido, sagra-se melhor marcador da época e faz-nos esquecer os jogos em que lhe chamámos cepo, talochas e pau-com-olhos, calando também a gente mal formada diz que ele só continua no Benfica por subornar dirigentes.
Por fim, Franquito. O Extremo Que Só Defende. O Muita Vontade e Pouco Talento. O Suplente Do Rafa. Para mim, O Demónio Argentino. Mas vamos por partes. Eu adoro o Rafa como qualquer outra pessoa com dois olhos na cara, e eu até tenho quatro. Ainda assim, acho que os dois são absolutamente conciliáveis e que a muito oportuna recuperação do Rafa não tem de empurrar imediatamente o Cervi para fora da Equipa. Até porque isso era uma incrível crueldade para com o Anão Atómico, que quase sempre acaba os jogos completamente esgotado (e este não foi excepção) e que só devia ser substituído para receber uma ovação como a que a Luz lhe deu neste jogo. Muita gente dirá que ele devia ir para o banco o quanto antes, porque o amor à Camisola não é tudo e o Cervi não tem talento que chegue, ou porque só sabe rematar de pé esquerdo e não sabe ganhar os espaços interiores para criar perigo. A estas considerações, Franco Cervi reagiu pedindo um momento para tomar fôlego e controlar as gargalhadas, depois de ter recebido um passe no interior da área e de ter marcado de pé direito.
CARREGA BENFICA!!
Comentarios