Vit. Setúbal 2 - 2 Benfica

O Natal é altura de Família. É a altura em que os mais distantes se aproximam e em que deixam de haver diferenças entre parentes. Independentemente de empregos, condições sociais ou percursos de vida, nesta época tudo isso é posto de lado pelas Famílias, e a Família Benfiquista não é excepção a essa regra. Foi por isso que, no último jogo de 2019, a Equipa teve tanta vontade de estar em campo como os Benfiquistas tinham vontade de ver este jogo. Mas ficaram todos até ao fim, tal como nós ficámos, e assim é que é bonito. Quer dizer, todos ou quase todos, porque o Zlobin arrancou da baliza sabe se lá para onde no primeiro golo do Vitória e por lá ficou a ver o segundo, enquanto esperava pelo final deste encontro amigável marcado para Dezembro. E se vos parece exagero dizer que isto foi um jogo de exibição, pensem que tivemos em campo alguém com aspecto de lutador de Kickboxing e com o jeito para a bola de um lutador de Kickboxing. E em retrospectiva, não sei se é boa ideia ter em campo alguém tão virado para desportos de combate como o Morato, juntamente com alguém tão conhecido por abrir a cabeça como o Jardel.

Até porque o Jardel está naquele famoso ponto de forma conhecido como "não pode com uma gata pelo rabo" ou, para os mais entendidos, o ponto de forma actual do Luisão. E nem esta dupla composta por um guarda-costas e um octagenário (o Jardel pode dizer a quem quiser que tem 33 anos, mas aquela velocidade não engana ninguém) serviu para deixar os miúdos com a sensação de que tinham as costas quentes. E tão bonito que é, já que se fala de Família, ver sete jovens amigos a reunirem-se nas férias de Natal para jogar à bola. Há sempre algumas diferenças quando vários amigos se reencontram e este jogo não foi excepção, já que o Tomás Tavares pareceu aquele miúdo que já tem uma scooter enquanto os amigos ainda andam de bicicleta, uma diferença que se notou até na comparação com alguns dos jogadores mais velhos. Já o Nuno Tavares parecia aquele amigo que não liga ao telemóvel e que só chega ao sítio do jogo na hora de ir embora. Mas talvez isso tenha sido culpa do David Tavares, que sabia que ia haver jogo e apareceu a tempo (mesmo jogando poucos minutos), mas não avisou o irmão.

Quem se deve ter sentido feliz neste jogo foi o Gedson, que fez a sua estreia pela Equipa principal precisamente no Bonfim no início da época passada, também num jogo amigável. E no sítio onde fez o primeiro jogo, o Gedson disputou esta partida como aquilo que ela era: um jogo de meio de carreira do qual ninguém se vai lembrar, com toda a motivação que esse estado de espírito dá. Mas os verdadeiros rostos da motivação foram outros. Foram os marcadores dos golos, que até ao dar cor ao marcador se aproximaram de nós, pela forma como celebraram: um encolher de ombros, um "olha que sim senhor, 'tá giro" e a esperança de que o outro Vitória ganhasse, para pormos um ponto final na competição. E acredito que tanto o Raul como o Jota tenham festejado tão comedidamente porque sabiam que cada golo marcado era um passo em frente rumo ao título de Campeão de Inverno, conquistado numa competição que tem, contas feitas, o mesmo valor que o mítico Torneio do Guadiana.

É, este fica assim curtinho. Saímos de fininho numa competição em que ninguém se chateia muito quando perde e em que os nossos três jogos foram bastante iguais entre si. Já acabou a Taça da Liga, mas agora é que começa a tristeza a sério: só volta a haver Benfica para o ano. Boas festas!

CARREGA BENFICA!!