Benfica 4 - 0 Famalicão
- Filipe Pires
- 15 de dez. de 2019
- 3 min de leitura

O Cometa Halley passa pela Terra uma vez a cada 74 a 79 anos. O Cometa Halle-Bopp tem um período orbital de 2533 anos, estando a sua próxima passagem prevista para o ano 4385. Por fim, o Cometa Hyakutake tem um período orbital de 113782 anos, e prevê-se que a sua próxima passagem pelo nosso planeta esteja a pelo menos 72000 anos de distância. Já agora, as vossas mães são tão velhas que olharam para estes números e disseram "já não falta assim tanto". Mais raro do que todos estes fenómenos astronómicos juntos, só a ocorrência de Futebol bem jogado na primeira liga e foi exactamente isso que aconteceu neste jogo. E calma, eu sei que o Benfica tem jogado bem, isso nota-se na diminuição do número de vezes que eu tive de dizer "não é por criticar que gosto menos do Benfica, as críticas significam que sou exigente" ultimamente. A raridade de que falo tem a ver com a falta de Equipas como este Famalicão, que sabe que não é favorito a coisa nenhuma mas que não usa isso como desculpa para jogar para o pontinho. Entrou, pressionou-nos em todo o campo, criou oportunidades e só não entrou a ganhar no jogo porque nós temos cada vez mais aquilo que só pode ser definido como a p#$a de uma defesa.
Começando por um guarda-redes Alemão que se viu Grego para atinar na época passada, mas que este ano já me permitiu deixar de tomar comprimidos para a tensão a cada cruzamento para a nossa área. As minhas unhas já voltaram a crescer e os meus cabelos brancos vão lentamente regressando ao seu preto natural, enquanto o Vlachodimos volta calmamente à baliza depois de ter anulado lentamente (lance após lance, isto é) tentativas sucessivas de ataques em profundidade. E é precisamente a falta de lances para o nosso guarda-redes anular que me leva à conclusão de que talvez exista demasiada competitividade no nosso plantel. Porque é quase impossível que o Odysseas consiga continuar a evoluir nos vários aspectos da sua posição tendo à frente a versão Benfiquista do Triângulo das Bermudas: o Quadrado da Avenida Eusébio da Silva Ferreira. Uma zona geográfica composta pelos pilares Rúben, Francisco, Adel e Gabriel e cuja área varia entre os 10 metros quadrados à frente da nossa baliza e, se eles continuarem com este ritmo, todo o planeta Terra e metade do sistema solar. Mas, ao contrário da zona do Caribe conhecida pelos desaparecimentos de aviões, no Quadrado são lançados aviões com destino às balizas adversárias. Nesta misteriosa zona do nosso planeta só desaparecem adversários atrás de adversários e cruzamentos atrás de cruzamentos.
Falando em desaparecimentos, se abanarem bem o Tomás Tavares vai sair daquele cabelo um saco de bolas, as aspirações do André Almeida em voltar à titularidade e um dos melhores jogadores do nosso campeonato, o Fábio Martins. A dupla Tavares - Pizzi parece ser o equilíbrio ideal para a nossa ala direita, e o nosso Maestro parece ser o professor ideal para o Sideshow Tom. Porque primeiro foi o miúdo a tentar entrar na área e marcar de pé esquerdo - sem sucesso - e depois foi o Comandante Luís Miguel a fazer exactamente o mesmo duas vezes e a marcar nas duas, tendo depois dito ao seu jovem pupilo "é tudo uma questão de rematar para onde estás a olhar". Já na ala esquerda, foi mais do mesmo. Já estamos na fase em que ver equipas inteiras dizimadas por dois anões não merece mais comentário do que um indiferente "sim, e então?" É tão normal que não saibamos se temos dois laterais esquerdos que atacam bem ou dois extremos esquerdos que defendem ainda melhor, que se perguntarem aos Benfiquistas quem são o Álvaro Magalhães, o Fernando Chalana, o Léo e o António Simões, a maioria vai responder que são uns tipos que fazem lembrar o Grimaldo e o Cervi.
Tudo isto é quase tão banal como mais um golo do Vinícius ou mais um jogo em que o Chiquinho enche o campo, e em que os dois conseguem dar cabo da cabeça a toda a gente que tenha uma camisola diferente das deles. Entre pressionar defesas, apoiar na construção, fazer passes de 30 metros e marcar golos como loucos, estes dois rapazes já contribuíram para mais depressões do que viver no Norte da Europa. E deve ser absolutamente desesperante a impotência que se sente ao tentar parar um baixinho com meia barba e um gigante que entra em campo com o sorriso do Tommy Lee Jones.
CARREGA BENFICA!!
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