Benfica 2 - 1 Lyon
- Filipe Pires
- 23 de out. de 2019
- 5 min de leitura

O Bruno Lage devia ter explicado melhor uma frase sua no inicio da época, porque disse que este ano não íamos dar avanço para depois ser Campeões. Não vamos dar avanço no Campeonato, mas estamos a dar na Liga dos Campeões. Se no fim não ganharmos, todos os responsáveis do Futebol do Benfica deviam obviamente ser despedidos. Se no dia 30 de Maio levantarmos a "Orelhuda", sempre fui um dos maiores apoiantes desta aposta na formação. Se ficarmos a meio caminho, para o ano há mais. O que vai deixar de haver em breve (espero eu) é esta miséria que alguém quer fazer passar por relvado da Luz. Eu não quero ser alguém que critica só porque sim (pfft...), mas se se levantassem mais tufos de "relva" neste jogo, a Luz era considerada uma escavação arqueológica. Toda a gente gosta de jogadores que comem a relva e toda a gente inteligente apoia o reaproveitamento dos recursos, mas aproveitar a relva depois de digerida pelos jogadores é um exagero.
Já um bom exemplo de reaproveitamento bem feito é aquilo que o Pizzi fez com uma reposição de bola do Anthony Lopes, naquela que foi uma das únicas vezes em que o Maestro tocou na bola e não me deixou a pensar que nestes jogos ele leva demasiado a sério a missão do jogador invisível, apesar de raramente andar perto da posição do jogador invisível. Mas Anthony, não te recrimines demasiado. É normal a confusão que fizeste. Estavas a jogar em Portugal e viste uma Equipa de vermelho a jogar cada vez pior, por isso é normal que tenhas pensado que estavas na Selecção e foi isso que te levou a dar a bola ao Pizzi. Mas esqueceste-te do pormenor que vos une: nenhum de vocês os dois joga na Selecção. E também não foste o único a fazer confusões na baliza esta noite. O Vlachodimos também pensou que esta era a noite de ficar a ver jogar nos foras-de-jogo. Ainda assim, o guarda-redes Grego atinou depois desse lance e arrancou mais uma enorme exibição, pelo que é absolutamente normal que tenha acabado o jogo com dificuldades físicas. Começa a ser tão normal que quem joga bem no Benfica se lesione que eu acho que o melhor era contratarmos outra vez o Artur Jorge.
Mais normal do que isto só o facto de o Rúben Dias estar cada vez mais próximo de ser finalmente o Capitão oficial da Equipa. E isto vai ser tão natural que eu hoje demorei meia hora a reparar onde estava a braçadeira, de tão habituado que estou a vê-lo mandar em toda a gente sem a ter no braço. E se sem a braçadeira o Rúben já é uma voz de comando, com a braçadeira o Senhor Capitão manda nos colegas, nos adversários, nos árbitros e ainda coordena os cânticos das claques. Desculpem, os cânticos dos grupos de adeptos que calham a ficar sempre nos mesmo lugares, que ensaiam na hora cânticos e coreografias e que não têm nada a ver com o Sporesboa e Benfica. Porque nós não temos claques, temos isso. Poucos metros ao lado do Senhor Capitão esteve um rapaz que me mostrou que às vezes mais vale estar calado. Porque tinha acabado de dizer que mal se tinha dado pelo Ferro quando ele fez um corte que quase deu em auto-golo. Mas estar na companhia do Jaap Stam da Amadora faz bem ao Senhor Ferro. A ele e aos laterais, que hoje demonstraram os efeitos que essa companhia tem na atitude em campo. O Grimaldo porque impôs mais respeito com o seu meio bigode do que toda a linha avançada na segunda parte e o Tomás Tavares porque mostrou que está pronto para suceder ao André Almeida: depois de tirar um adversário do caminho sem ninguém saber como, fez um cruzamento ninguém sabe para onde e ainda levantou um coro de assobios com um passe para o guarda-redes quando estávamos empatados.
Foi no entanto devido a um lance com o Tomás que eu descobri a minha nova vocação: vou começar a fazer esculturas dos adversários que agridem os nossos jogadores, usando materiais alternativos. O primeiro vai ser o Youssouf Koné de sabão e, quando tiver concluído esse projecto, vou avançar para o Moussa Dembélé Koné de sabão e para o Ivan Kružliak Koné de sabão. Não consegui fazer nenhum trocadilho parvo com o nome dos dois últimos, mas também os queria insultar.
Quem é insultuosamente bom (para quem não percebe nada disto e acha que idade e qualidade são a mesma coisa) é o Florentino, que usa o número 61 porque é esse o número de adversários que ele tira dos bolsos todas as semanas. Se um dia alguém disser "o Florentino roubou-me a mulher", é provável que isso tenha acontecido porque a senhora esteve na mesma cidade que uma bola de Futebol e foi para o bolso do Tino como todos os outros. A Equipa parece finalmente ter percebido a melhor forma de potenciar as capacidades do jovem médio, já que passaram um bom período da segunda parte a dar a bola directamente aos adversários em vez de a passarem aos avançados. E assim poupou-se tempo, já que a bola ia parar aos adversários fosse como fosse e esta era a forma mais rápida de o Tino e o Gabriel recuperarem a posse e voltarem a fazer passes perfeitos para a nossa frente de ataque móvel desperdiçar. Já agora, se alguém me dissesse que o nome Haris Seferovic um dia ia fazer sentido no mesmo contexto de "frente de ataque móvel" eu ia ficar tão surpreso como fiquei ao ver o Benfica entrar a ganhar num jogo da Liga dos Campeões.
E o próprio Haris parece concordar com isto, já que a cada lance falhado a expressão do Suíço parece a de alguém que pensa "a sério que eu tenho esta Equipa toda a jogar para mim? Parece-me um desperdício". Quem não tem desperdiçado as oportunidades é o Cervi, que devia arranjar uma parceria qualquer nas redes sociais. Se toda a gente oferece vales de desconto para produtos de ginásio, o pequeno Diabo Argentino podia oferecer vales de oferta para consultas de psiquiatria aos adversários que perdem bolas de cabeça contra ele. E chega a ser comovente vê-lo no chão depois de mais uma falta, a abrir os braços como quem diz "mais uma nódoa negra para o Franco, mais um amarelo por mostrar". Mas nem isso o impede de dar tudo o que o seu 1,65 m tem para dar, o que nos levanta um problema: não deve faltar muito tempo até que um qualquer director de comunicação da Vida diga que a Polícia tem de investigar um caso de Amor entre um centenário e um menor.
CARREGA BENFICA!!
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