Cova da Piedade 0 - 4 Benfica

É importante saber parar. Alguns dias sem a pressão dos resultados são muitas vezes essenciais para carregar baterias, para mudar perspectivas e para um regresso ao trabalho efectivo e eficaz. E a julgar pela facilidade com que os nossos jogadores ficam estendidos no relvado e com dificuldades físicas após isso, o nosso departamento médico estava mesmo a precisar de umas férias. Quem também aproveita para descansar nas primeiras rondas da Taça são os árbitros do VAR, mas com a facilidade com que se anularam dois lances limpos ao Benfica, eu não senti grande diferença por isso.

Mas vamos ao jogo, porque aconteceu muita coisa engraçada durante os 90 minutos. Por exemplo, se eu disser que o Chico Chen fez um corte de calcanhar dentro da área ou que o Tony Batista fez duas defesas frente a adversários isolados, toda a gente fica a pensar que o Cova da Piedade fez o jogo de uma vida. Mas o que aconteceu nestes três lances foi que o Caio, o Pizzi e o Vinicius remataram contra adversários que já estavam no chão. E o Piedade não fez o jogo de um vida, mas enquanto houve pernas para isso tentaram e conseguiram criar-nos dificuldades. Sem condescendências, parabéns por isso. E mesmo não tendo acontecido o tombo de um gigante, este jogo foi muito ilustrativo do que é a festa da Taça: o Cova da Piedade mudou a estratégia para nos conseguir fazer frente e houve gente com menos minutos e munidos de pouco mais do que boa vontade a tentar mostrar serviço, tanto do lado do Benfica como do lado da SportTv.

Talvez a posição onde se notou menos essa rotação tenha sido a baliza, já que o Zlobin teve de complicar desnecessariamente um cruzamento ao segundo poste para a primeira parte ter alguma coisa que lembrar. Já na segunda parte, o guarda-redes Russo foi visto a passear pela zona ribeirinha de Almada acompanhado de Ferro e Jardel. Ao intervalo, antes de sair, os três colegas deixaram uma nota a Andreas Samaris onde se podia ler "Se precisares de alguma coisa apita". Quando o Senhor Benfica enviou uma mensagem durante a segunda parte a dizer "entrou o Tino", o trio apanhou um táxi que os levou de Almada ao Seixal pela tradicional rota que passa por Bragança. E se de Bragança a Lisboa são 9 horas de distância (acreditando no que dizem os Xutos & Pontapés), o Pizzi ou se perdeu ou tomou o caminho mais longo para fazer esta viagem, já que para o nosso Maestro, de Bragança a Lisboa foram 8 anos de distância. Mas valeu a pena a espera para o ver fazer jogos com este, mesmo que às vezes me apeteça vê-lo jogar de olhos vendados. Calma, não tem nada a ver com a direcção desalinhada do rapaz, é mesmo porque ele só consegue marcar quando o golo é quase impossível.

E é ainda mais bonito ver jogar o Pizzi (e toda a Equipa) quando parece que finalmente apareceu o homem que vai restabelecer o equilíbrio entre o cepo que "só" sabe marcar golos e o avançado que ajuda a Equipa a construir. Sem querer desvalorizar todo o trabalho do Raul - que teve neste jogo um bonito momento de clarividência, quando pediu falta mas ao ver que era o Caio Lucas que estava caído, continuou a jogada - nem toda a frustração evidente do Espanhol com a sua falta de acerto, já tínhamos saudades de ter um Jonas Cardozo lá à frente. A juntar a toda esta beleza vem o exemplo mais bonito desta eliminatória da Taça. Dado pelo Maior do Mundo, tal como deve ser. Porque os nossos avançados ajudaram como poucos na eliminação do preconceito que existe em relação à falta de segurança da Margem Sul. Porque não aconteceu mal nenhum aos defesas do Cova da Piedade, mesmo que tenham passado a primeira parte com 37 milhões de euros nos bolsos.

CARREGA BENFICA!!