Quem Tem Culpa, C"#$lho?!
- Filipe Pires
- 20 de set. de 2019
- 4 min de leitura

Há uma expressão Portuguesa que diz que a culpa não pode morrer solteira. O que me parece absurdo, primeiro porque esta expressão está a atribuir à culpa o género feminino e está assim a prepetuar o estereótipo de que a Mulher é um ser complicado e que não consegue arranjar solução para nenhum dos seus problemas sozinha. E em segundo lugar, esta é uma expressão que empurra a mulher para a posição humilhante de que ela serve apenas para casar e ter filhos... Peço desculpa, não sei o que aconteceu aqui. Tive um forte ataque de parvoíce desmedida ou, como dizem algumas pessoas com as ideias ligeiramente confusas, de feminismo. Mas adiante.
A culpa não consegue de facto morrer solteira, pelo simples facto de lhe estarem constantemente a tentar arranjar um par. A culpa já foi do Rock 'N Roll, já foi, segundo uma senhora do Norte, das comodeironas (1), já foi - e continua a ser para algumas pessoas - do Benfica e mais recentemente a culpa foi vista a piscar o olho aos jogos de computador. Mas todos os anos, por volta desta altura, a culpa volta ao seu maior amor, residente em Portugal. Durante as primeiras semanas de Setembro, com o regresso às aulas, a culpa volta a ser unica e exclusivamente da Praxe. Todo o mal e todas as tragédias que o Mundo sofreu podem ser rastreadas até às Universidades e Faculdades Portuguesas, tendo a extensa Equipa de reportagem do Portal do Algarve conduzido uma apurada investigação (com o risco das próprias vidas) para perceber o quão fundo chegam estas raízes.
Inquisição: aqueles fatos não enganam ninguém. Claramente, as práticas inquisitórias começaram quando uma Tuna Universitária encarou a Música como a sua religião e levou isso demasiado a peito. Durante 700 anos, um conjunto sempre crescente de alunos declarou guerra santa a quem não gostava de música, a quem gostava de ouvir só a que passava no rádio e aos surdos. Entre os seus macabros métodos de tortura contavam-se o cavalete, os autos de fé e talvez o mais doloroso de todos, ouvir os caloiros tocar no primeiro ensaio.
Nazismo: o exemplo acabado daquilo que o excesso de amor ao curso pode causar. Depois de terminar a sua Licenciatura - e devido à lavagem cerebral que os jovens sofrem durante os seus primeiros dias de Ensino Superior para sentirem orgulho no curso que escolheram - Adolf Hitler tomou como missão de Vida fazer o Mundo conhecer e temer a sigla S.S.. E durante 25 anos, este Licenciado em Serviço Social não olhou a esforços nem a custos no sentido de cumprir a sua missão, sempre acompanhado por uma multidão de seguidores e um terço de bigode. Foi quando decidiu fazer Erasmus que a sua história começou a desmoronar-se, já que depois de uma noite de copos na Polónia, alguém iniciou um cântico clássico na Praxe. O cântico "In, in, invasão! In, in, invasão!"
As crises de migrantes: talvez aqui a culpa não seja da Praxe em geral, mas sim das Praxes praticadas na Universidade do Algarve, reconhecidamente uma das mais conceituadas a nível nacional. Ao saberem como são recebidos os caloiros nesta Academia, milhares e milhares de esperançosos alunos de olhos brilhantes arrancam por esse Mediterrâneo fora, na ânsia de ficarem sob a alçada da melhor comissão de festas, perdão, Associação Académica de Portugal. Mas milhares e milhares de esperançosos alunos de olhos brilhantes são obrigados a dormir ao relento ou a abandonar o seu sonho, porque em Faro lhes oferecem casas a troco de sodomia.
A Peste Negra: um flagelo que dizimou cerca 450 milhões de pessoas por todo o Mundo, tem a sua origem erradamente atribuída à transmissão da bactéria Yersinia pestis através das pulgas dos ratos pretos. Após investigação e consulta demorada de documentos da época, a equipa de investigação do Portal do Algarve apurou que esta quase extinção se deveu antes aos litros e litros de Vodka Preta consumida durante as Recepções ao Caloiro e Semanas Académicas um pouco por todo o País. A sintomatologia inicial (febre, dores de cabeça e vómitos) mantém-se até ao nossos dias, mas a doença foi rebaptizada como ressaca. A identificação de infectados é feita de forma simples, bastando detectar as manchas pretas na língua e/ou roupa dos mesmos. A cura, descoberta graças aos avanços científicos conseguidos por pessoas que não participaram em actos de Praxe, é também ela bastante simples: deixem de ser meninos e bebem antes cerveja.
A Eleição de Donald Trump: a demonstração perfeita do que acontece quando o presidente de uma comissão de Praxe ergue a sua bandeira alto demais e durante tempo demais. E Donald ergue a sua bandeira há tanto tempo que ainda hoje os seus discursos são uma verdadeira caça ao afilhado, já que este senhor alto, louro e muito mas muito tosco apresenta argumentos para a sua reeleição que podem ser resumidos da seguinte forma: "escolham-me a mim, porque comigo podem andar armados e bêbados ao mesmo tempo. Os outros são todos uns aborrecidos que se preocupam com porcarias como a segurança. Comigo isto é uma festa e se alguém morrer, é um menino". A juntar a tudo isto, o Presidente dos Estados Unidos ainda hoje mantém o aspecto de alguém que acabou de sair de um Desfile Académico e a coerência de discurso de quem acabou de sair de um Desfile Académico.
(1) É o número 4 deste Top 10: https://www.youtube.com/watch?v=rM__zQw9uts
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