Eu Vou Comer, Eu Vou Comer, Mas Sem Me Lambuzar.
- Filipe Pires
- 6 de set. de 2019
- 3 min de leitura

Com o aquecimento global, temos Verão o ano inteiro. E por isso, há que ter uma aparência cuidada o ano inteiro, mantendo a boa forma através de exercício e dietas. Todos os anos - qual quê, todos os dias! - aparecem novos especialistas em Nutrição a mostrar receitas para uma sandes de torresmos de soja e lentilhas - biológicos, vegan, sustentáveis e quase iguais aos torresmos verdadeiros (já agora, se tentam assim tanto fazer uma coisa com um sabor igual ao original, porque é que não comem o original?) - feita em pão de freekeh (sim, existe), com sementes de gergelim e linhaça. E vou ser honesto, para mim é estranho comer sementes de uma coisa que serve para tratar madeiras e isolar canalizações, mas eu não sou ninguém para chamar maluco a quem come materiais de bricolage. Até porque não se contraria quem come materiais de bricolage. Juntem a isto um sumo com tudo aquilo que se põe numa sopa e têm o conceito actual de refeiçao saudável. Tão saudável e variada que contém até um pouco de ironia, já que muitos destes alimentos ajudam a evitar doenças coronárias, mas são absolutamente inúteis na prevenção de ataques cardíacos na hora de os pagar.
Tenho no entanto de fazer uma confissão: eu também já alinhei num dieta louca, e a minha era até bastante extremista. Foi-me prescrita pelo Dr. Burro De Todo O Tamanho Que Deixou Um Emprego Sem Ter Nada Certo, assentava em ganhar 120€ por mês com uma renda para pagar e foi graças a este método que eu consegui perder 5 ou 6 quilos em quatro meses. Fazia duas refeições por dia e deitava-me e acordava com o estômago a imitar uma baleia, mas o importante é ver o lado bom das coisas: consegui reduzir um número nas calças. Talvez por ter tido resultados tão rápidos mas obtidos de forma tão radical, tenho alguma hesitação relativamente a uma filosofia que me diz que comer pouco é bom. Para além disto, há também a parte chata de oferecer comida a quem tem este estilo de alimentação, porque quando lhes põem um prato à frente vem sempre a clássica pergunta:
"O que é que isso tem?"
Tem comida de borla, c"#$lho! Come!
A isto soma-se obviamente o exercício físico, feito também para acompanhar a evolução dos tempos. E calma malta do crossfit, estou completamente de acordo com isto. Não venham já a correr para me bater, até porque ia ser uma corrida curta. Inovar é sempre bom e se alguém acha que o seu contributo para o Mundo consiste em ajudar os outros a praticar desportos radicais dentro de um ginásio, força nisso. E muito menos levo a mal aquilo que enerva toda a gente em relação aos praticantes: as fotos. São gostosas (e gostosos, para quem aprecia) a dizer ao Mundo: "ai olha para mim, que estou em tão boa forma!". E estão mesmo, não haja dúvida disso. Se quem critica estas fotos se levantasse do sofá, parasse de enfardar batatas fritas e fizesse metade do exercício que esta malta faz, iam viver para se indignar durante muitos mais anos. E iam ter telemóveis e computadores com muito menos marcas de gordura também. O meu único problema com o crossfit é que para mim iria sempre acabar em fisioterapia para voltar a andar, fosse por estar todo dorido ou por partir o pescoço.
Por este andar, a Humanidade vai existir mais 100 anos (se tivermos sorte), mas raios nos partam se não vamos ser os cadáveres mais bonitos e esculpidos da História.
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