Belenenses 0 - 2 Benfica
- Filipe Pires
- 18 de ago. de 2019
- 4 min de leitura

E agora, auto-promoção. Porque Jorge Silas, treinador de seja lá o que for que sobrou do Belenenses, mostrou neste jogo que é um leitor atento do Amador de Bancada. No texto anterior disse que a melhor forma de anular o Seferovic era deixá-lo jogar à vontade e acabei a pedir que os próximos adversários metessem três jogadores a marcá-lo, para voltarmos a ter o nosso goleador em grande. Sendo Silas tão bom treinador como foi bom jogador, procurou todas as análises pertinentes aos jogos do Benfica, entre as quais se incluem, obviamente, estas. Vai daí, contra seja lá o que for que sobrou do Belenenses, o bombardeiro Suíço pôde receber, passar e rematar a bola sempre com toda a liberdade, sendo toda esta preocupação táctica complementada pela presença da segunda melhor forma de anular golos ao Benfica: Fábio Veríssimo. Isso e o facto de os nossos avançados serem apanhados mais vezes em fora-de-jogo durante 90 minutos do que o Inzaghi em toda a carreira.
Mas mesmo sem golos, tem sido a nossa sociedade Hispânico-Suíça a mostrar jogo após jogo um conceito que até há pouco tempo era usado como termo simpático para avançado esquecido (a posição em que sempre tive melhor rendimento): o conceito de jogador útil tacticamente. E se querem perceber como é que uma Equipa marca 12 golos em três jogos oficiais com este tipo de avançado, vão ler o trabalho de treinadores qualificados. Ou vejam jogos do Benfica, não estejam à espera de ler aqui uma explicação para isso. Até porque eu tenho coisas melhores para vos dizer, por exemplo sobre a relação dos nossos jogadores com a História. A começar por Rúben Dias, que mostrou quase ao intervalo a sua paixão pela vertente cíclica dos acontecimentos e voltou a ter uma travadinha que isolou um avançado do Belenenses. Valeu-nos o facto de Vlachodimos, mesmo sendo Grego, não ter essa mesma paixão, porque desta vez só travou quando fez uma mancha a lembrar um outro guarda-redes, também conhecido por tirar bolas com a cara. Depois de o Senhor Ferro o ter testado na Supertaça, desta vez foi o Quase Senhor Capitão Rúben Dias a pôr à prova o nosso guardião. Experiências feitas, esperamos agora que a Melhor Dupla de Centrais do Mundo jogue ao nível desse título daqui para a frente e que se deixem de brincadeiras de merda. O nosso coração agradece.
Falando em História, este foi o jogo número 200 do Pizzi pelo Benfica. Um número que dá a ideia de que o Maestro nasceu e veio directamente para a Luz, mas que na verdade foi construído ao longo de apenas 5 temporadas - esta é a sexta. Começou como Mais Uma Invenção do Jesus, passou para Único Gajo Que Acertava Uma No Meio Campo do Sr. Rui e vai consolidando a sua posição como Jogador Que Faz Os Iniestas da Vida Corar de Vergonha a Cada Jogo com o Cruijff de Setúbal. E existe tanta química entre Luís Fernandes e Rafael Silva que no casamento de um vai ser o outro a levar os anéis, a fazer de notário e a pilotar o avião para a lua-de-mel. Mas nem só de talento, velocidade e golos se faz um jogo e o Rafa é um dos jogadores que mais contribui para isso, ilustrando a cada jogo um novo conceito de organização táctica dos nossos adversários: quem não tem amarelo vai-lhe às pernas. No entanto, fruto de uma investigação apurada, podemos adiantar num exclusivo do Portal do Algarve que esta explosão de Rafa pode ter efeitos nefastos no Futebol, que vão muito além da depressão que afecta os nossos adversários sempre que ele pega na bola. O desporto-rei corre também o risco de perder uma das suas estrelas mais mediáticas, já que Usain Bolt não aceita competir num desporto em que não é o mais rápido.
Além dos efeitos psicológicos, a qualidade do Futebol do Benfica tem também efeitos nocivos para o meio-ambiente. Porque num meio-campo que fez com o Belenenses o mesmo que o Belenenses fez com o Belenenses - quase os apagaram do mapa - Florentino Luís foi mais longe que os colegas e secou o relvado, meia barragem do Alqueva e própria mata do Jamor, mostrando que é como um eucalipto em campo: seca tudo o que está à sua volta com uma camisola diferente da dele e só serve para os adversários chocarem com ele sempre que têm a bola. E faz tudo com um ar de quem já nasceu a mandar nisto, mas não tinha idade para o assumir. E continua a não ter, mas é esta a juventude que temos.
Para terminar também numa nota histótrica, fica um pedido: quem vê o Bruno Lage a entrar no relvado com um fato-de-treino e o ar descontraído de quem sabe que quem vier treinar o Benfica arrisca-se a ser Campeão (obrigado, muito obrigado Senhor Capitão Mário Wilson), recorda imediatamente imagens de uma altura muito mais simples, em que o Benfica ganhava, como hoje, pela simples força da qualidade do seu jogo. Já recuperámos a parte secundária dessa altura - o chamado quarto de hora à Benfica, mas em versão seis quartos de hora à Benfica - mas falta o essencial. Falta termos um Treinador que realmente evoque a imagem dessa fase dourada da nossa Equipa. Falta que alguém dê de uma vez por todas um bigode e um cigarro ao Homem.
CARREGA BENFICA!!
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