Y Viva España!

São muitas vezes os mais próximos de nós que mais menosprezamos. Tomamo-los como garantidos e assumimos que não precisam de grande atenção porque não fazem nada de especial, ou pelo menos nada que nos surpreenda. E é por isso que, neste compêndio semanal de estupidez (alheia e própria), tenho deixado tantas vezes de lado nuestros hermanos, o povo Espanhol. Mas isto não significa que não haja estupidez do outro lado da fronteira. Há sim senhor, e da boa. Primeiro, e tal como nós, continuam a ter tourada. Não satisfeitos com isso e sempre na ânsia de mostrar que não são menos do que nós - depois de terem sido corridos de cá (literalmente) à chapada - continuam a matar o touro na arena, em vez de por exemplo, acabarem de vez com a Bestialidade Brava e deixarem o bicho em paz.

Mas hoje vamos falar daquilo que os Espanhóis fizeram a um outro tipo de animal selvagem: um turista Britânico de férias no Sul da Península Ibérica. Harriet Osborne (só pelo apelido já simpatizo com ela), foi expulsa do avião onde ia viajar rumo à santa terrinha por usar roupa demasiado reveladora (1). Esta maquilhadora de 31 anos (mas que se maquilha para parecer que só tem 30 anos e 6 meses) argumenta que foi obrigada a sair do avião pela hospedeira, devido a um vestido que mostrava mais do que as fotos que os pais insistem em tirar aos filhos durante os primeiros banhos da infância. Mesmo depois de vestir o casaco de uma amiga, Harriet foi expulsa e passou a noite no aeroporto de Málaga, só conseguindo regressar a casa no dia seguinte, depois de comprar um novo bilhete e um fato de treino.

Mas também nesta história existem duas versões (a direita e a esquerda, para sermos mais precisos) e a versão alternativa é a da companhia que fazia o vôo, que já disse que a expulsão aconteceu, isso sim, por falta de respeito de Harriet para com a tripulação. Esta é uma situação em que se torna difícil tirar conclusões, porque a companhia vai obviamente querer proteger-se. E porque quem já viu Ingleses em Albufeira sabe que esta senhora teve muita sorte em não sair do avião com duas bandarilhas no lombo e um olé, porque estava num País em que a malta gosta de fazer isso a exemplares de gado bovino. E agora chamo a vossa atenção para o facto de ter escrito estes dois parágrafos sem dizer uma única vez que esta é uma história sobre um avião a querer entrar noutro. A isto, meus amigos, chama-se classe.

E já que se fala de bombas em aviões Espanhóis (ainda mais classe), uma ameaça de bomba causou o pânico num vôo entre as Ilhas Canárias e Santiago de Compostela (2). A situação, que há poucos anos teria sido resolvida com um riso breve e um insulto à mãe do autor, foi causada por uma criança de 11 anos que deixou um bilhete num dos tabuleiros do avião. Nessa nota, o brincalhão avisava para a presença de uma bomba a bordo e assinava convincentemente como "O Terrorista". O alerta foi dado por alguém que viu demasiadas notícias e levou a uma aterragem de emergência, seguida de várias horas de investigação por parte da Guardia Civil Espanhola. Esta investigação resultou em dinheiro jogado fora, já que o falso alarme que qualquer pessoa de bom senso teria visto ao encontrar o bilhete foi confirmado com recurso a cães especializados na detecção de explosivos. O passageiro que descobriu o aviso foi entrevistado pela imprensa no local (não sei porque é que ninguém me ligou, também queria ir passear a Espanha) e disse que "Foi uma piada de mau gosto, espero que a criança fique de castigo e tenha noção dos danos que causou. Foi uma brincadeira sem consequências, mas foi desagradável, devemos ter mais cuidado com este tipo de questões."

Essa mesma pessoa tentou ainda dizer que há limites para o humor, mas levou um par de estalos dado por alguém com bom senso antes de acabar a frase.

(1) https://sicnoticias.pt/mundo/2019-07-04-Mulher-expulsa-de-aviao-por-usar-decote-transparente

(2) https://www.jn.pt/mundo/interior/rapaz-de-11-anos-cria-panico-no-aeroporto-apos-amaeca-de-bomba-11072391.html