Benfica 4 - 1 Santa Clara
- Filipe Pires
- 19 de mai. de 2019
- 4 min de leitura

Certo. Acabou o Campeonato, o Benfica é Campeão, há justiça no Mundo e todos os nossos problemas são agora meras preocupações face a duas situações verdadeiramente graves: a ressaca colectiva de 14 milhões de pessoas e o facto de ainda não termos ganho o 38. É assim, é o Benfica, é lidar. E é tudo muito giro isto da festa e não sei quê, mas isto é o "Futebol" Português e por isso há que buscar as coisas mais estúpidas para tirar o mérito à vitória de uma Equipa digna de estar no vídeo do "Thriller" de Michael Jackson. Porque em Janeiro toda a gente pensou que estávamos mortos, mas depois mostrámos que não era bem assim e demos baile a quem se muniu de braçadeiras insufláveis para enfrentar a Onda Vermelha. Mas falando em deméritos inventados, o centésimo golo do Benfica esta época foi ilegal porque teve a participação de dois adeptos: o Samaris (JÁ RENOVARAM COM ELE, C"#$LHO!) na assistência e o Seferovic, com o seu enervante pé esquerdo, numa finalização digna da Bola de Prata que ganhou.
Agora giro mesmo era eu fazer um texto em que as primeiras letras de cada parágrafo soletram a palavra Campeão. Deixem ver se consigo.
Mesmo com um resultado desequilibrado, o Santa Clara cumpriu a promessa de não ser o bombo da festa. E é assim mesmo que tem de ser, porque os títulos oferecidos não são para nós. Porque Lampião que é Lampião ganha um Campeonato que parecia perdido com (mais) uma goleada e chega ao fim a dizer que o jogo foi fraquinho. É assim, é o Benfica, é lidar. É também nestes jogos que se vê até que ponto os Benfiquistas são crentes, mas até isso fazemos de forma diferente. Porque se qualquer outro adepto se apanhasse a ganhar por 2-0 no jogo do título, assumia imediatamente que a coisa estava resolvida. Mas o Lampião que se apanha a ganhar por 2-0 no jogo do título quer rapidamente fazer o terceiro, porque acredita que o adversário é tão capaz como nós de dar a volta ao resultado. Mas mais do crentes, somos gente educada e mostrámos isso mesmo neste jogo.
Por exemplo na entrega de troféus. Mais do que tradição, já se vai tornando um bom hábito a entrega de latas no relvado da Catedral. E quem nos acusa de sermos um clube de gente rude e sem maneiras levou hoje 37 chapadas de luva branca, porque aconteceram dois levantamentos de taças ontem à tarde, mas a das senhoras foi primeiro. Parabéns também para elas, pela conquista da primeira Taça de Portugal. Primeira de muitas, entenda-se. Logo no ano de estreia, as Senhoras Benfica ganharam a competição e os Benfiquistas, para além de esgotarem a Luz, estabeleceram também um recorde de assistências em jogos oficiais de Futebol Feminino em Portugal. É assim, é o Benfica, é lidar. Talvez por saber que ao intervalo também ia haver festa, o Senhor Capitão André Almeida passou alguns minutos da primeira parte a fazer cruzamentos como se já estivesse a mandar bolas para a bancada no fim do jogo, até que fez mais um cruzamento que deu golo, mais uma vez às três tabelas e mais uma vez marcado pelo Rafa. Agradecemos o esforço Mestre André, mas estavas perdoado mesmo sem isso.
Era impossível falar desta festa sem falar do Homem que a tornou possível. Desde Janeiro chamei-lhe Indiana Jones por juntar os cacos do Benfica, chamei-lhe (e vou continuar a chamar) Cruijff de Setúbal quando voltámos a ver Futebol a sério e comparei-o com divindades quando ele mostrou que também é humano, apesar de ele mostrar a cada jogo e a cada conferência de imprensa que já está um bocadinho para lá dessa condição. Sendo um tipo simples e humilde, o Bruno Lage (se alguma vez ler isto ou outras asneiras do mesmo calibre) vai dizer que o mérito é todo dos jogadores, que a direcção é que lhe deu as condições para trabalhar e que ele é um simples condutor desta orquestra. Mas não és Bruno. És o Homem que me voltou a dar a insana esperança de vôos mais altos, que me fez voltar a gostar de ver jogar o Benfica e que me levou a contar os dias até ao próximo jogo, em vez de contar os minutos para eles acabarem. Por isso Bruno, o meu muito obrigado. E se cada Johan Cruijff tem um Rinus Michels, cada Bruno Lage tem um Jaime Graça. E no momento de uma vitória impossível para muitos menos para ele, o Cruijff de Setúbal não esqueceu quem lhe abriu as primeiras portas para chegar aqui. É assim, é o Benfica, é lidar.
Agora giro mesmo era eu fazer um texto em que as primeiras letras de cada parágrafo soletram a palavra Campeão. Deixem ver se consigo.
O número da ordem, finalmente. O 37. Foram 37 as vezes que o Jonas tentou marcar o golo que mandava a casa a baixo, mas que não aconteceu. E ainda bem, é sinal de que o Pistolas tem que voltar a tentar para o ano. Foram 37 os litros de cerveja que o Cervi bebeu ainda no balneário e que o levaram a cantar como se fosse (ainda mais) um de nós. Foram 37 (e este número é a sério) os otários presos no Marquês por confundirem festa e Benfica com idiotice. Não fazem falta, boas férias. Foram 37 os quilos que o Eliseu parece ter perdido e foram 37 as voltas que ele deu com a Vespa à volta do relvado. Foram 37 as assistências que o André Almeida fez e foram também 37 as vezes que o Gabriel calou quem disse que ele não é jogador para o Benfica. Eu sou um deles, desculpa Gabriel. Foram 37 vezes que o Pizzi deu ordem ao caos e nos mostrou o melhor caminho para o golo, enquanto trocava os olhos a uma série de adversários, possivelmente 37 a cada jogo. São 37 os títulos que nós queremos que o Fejsa some ao currículo, sempre de Vermelho e Branco. São 37 as épocas que nós queremos que o Ainda Possivelmente Capitão Rúben Dias, o Senhor Ferro, o Florentino Makélélé, o João Jonas Félix, o Gedson Coluna, o Paulo Lopes Zlobin e o Dá-lhe Tempo Que Ele Ainda Se Faz Jota fiquem no Benfica. E são 37 os dias que têm para descansar até começarmos a pensar no que temos de ganhar na próxima época e que é, basicamente, tudo. É assim, é o Benfica, é lidar.
CARREGA BENFICA!!
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