Benfica 1 - 0 Tondela

Estão cada vez mais na moda os jogos para beber - em inglês, drinking games -, jogos esses em que se bebe um shot de alguma bebida forte sempre que acontecer algo pré-estipulado. E então eu, cheio de fé, resolvi fazer um drinking game em que tinha de beber um shot sempre que o Tondela criasse um lance de perigo esta noite. Graças a esta brincadeira despachei meia garrafa de aguardente na segunda parte, mas mesmo assim fiquei mais sóbrio que o Jorge Sousa no Braga - Andrades desta tarde.

Ou mais sóbrio até que o próprio Carlos Xistra, que entrou em campo visivelmente ébrio e a pensar que, para além da Taça da Liga, também o Campeonato é patrocinado pelos CTT, o que o levou a preparar com todo o empenho a encomenda das faixas de campeão, com destino à cidade do Porto. Para isso, toda a equipa de arbitragem tentou deixar passar os foras de jogo do Tondela, mas nenhum deles foi um lance de dúvida, demasiado rápido ou difícil de ajuizar. Ou, como se diz nas reuniões do Conselho de Arbitragem, falta contra o Benfica. Como se não bastasse o excesso de qualidade no posicionamento da nossa defesa, ainda temos um ataque que, mesmo numa noite menos boa (má, esta noite foi má) como a de hoje, dá água pela barba aos árbitros com tantos lances para anular erradamente ou com faltas sofridas dentro da área para deixar passar. E se a boca do Samaris explicou calmamente ao árbitro que tinha sido derrubado em falta na área do Tondela aos 10 minutos, os olhos do Samaris acrescentaram calmamente nomes ao cartão de cidadão do senhor Xistra.

Mas nem só de erros de arbitragem se fez o sofrimento de hoje. Porque se a nossa defesa pareceu o único sector que não parou para os jogos das selecções - obrigado Odisseas, por quase teres garantido o 37 esta noite - daí para a frente quase todos pareciam ainda sentir a descontracção de representar os respectivos países, em vez de sentirem a responsabilidade que é representar o Benfica. E mesmo os que não foram convocados para as Selecções mostraram isso. Como por exemplo o Gabriel, que se naturalizou Português esta semana e que para comemorar resolveu jogar como se fosse um dos cativos na Selecção do Jorge Mendes, perdão, de Portugal. Que eu me lembre, só acertou um passe de ruptura durante o jogo e foi logo para outro dos desinspirados, o Rafa. Mas a bem da verdade, depois da saída do Samaris até o Maestro Pizzirino de Almeida tentou que uma orquestra de bombos desse um recital de piano. Mais estranho que esta referência, só o momento em que dei por mim a aplaudir o Taarabt por ter ganho um pontapé de baliza aos 90 minutos.

Lamentavelmente, hoje não vai haver uma comparação do Jonas e do João Félix com uma parelha Mestre-Aluno do cinema. Porque o que se viu no ataque esta noite esteve muito mais próximo de um Western Spaghetti ou, em Português, uma coboiada das antigas. Por isso, é muito mais adequado comparar todo o trio de avançados que acabou o jogo com o inevitável The Good, The Bad And The Ugly. O Jonas é obviamente The Good, porque para além de ter o talento do Clint Eastwood, tem também a idade do Clint Eastwood. Já o João Félix foi The Bad, porque esta noite tudo o que tentou fazer saiu mal, entre passes, remates e tentativas de cavar faltas. Isto deixa para o Seferovic o papel de The Ugly, um anti-herói que nos habituámos a amar e que, no meio de toda a confusão de bolas perdidas, pôs em prática a icónica fala de Eli Wallach, no papel de Tuco Ramírez: "quando tens de disparar, dispara. Não fales"

CARREGA BENFICA!