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Benfica 3 - 0 Dínamo de Zagreb

  • Filipe Pires
  • 15 de mar. de 2019
  • 4 min de leitura

Gostava de ter visto este jogo resolvido mais depressa. Achei que ir a prolongamento foi um sofrimento desnecessário. Não precisavam de ter esperado pela segunda parte para começarem a jogar a sério. Esta era a única noite em que eu não queria ver mais meia-hora de Benfica. E outras mentiras que nós contamos para não admitir que gostamos mesmo é de sofrer até ao fim.

Acredito que o que mais decidiu a eliminatória a nosso favor tenha sido a confusão instalada entre os jogadores do Dínamo. Depois de analisarem alguns dos nossos jogos para o Campeonato, os Croatas descobriram aquilo que toda a gente em Portugal sabe há anos: contra o Benfica, só é falta se houver osso à vista. Isto originou vários momentos até comoventes, quando os rostos dos adversários se iluminavam de espanto sempre que o árbitro apitava uma falta que eles cometessem. Mas mais do que pelas faltas desnecessárias na Luz, o Dínamo mostrou ser talhado para o nosso "Futebol" por outra característica: enquanto estiveram em vantagem na eliminatória, ninguém jogou à bola naquela equipa.

Já nós não. Somos na verdade tão contra o anti-jogo - que é uma outra expressão para "parvos" - que mesmo tentando guardar a bola junto à bandeirola de canto, iniciamos uma troca de passes curtos que fazem a bola circular por toda a Equipa - que é uma outra expressão para "não sabemos jogar mal". Mas nem tudo foi bom no Benfica. Por exemplo o Yuri Ribeiro. Não tenho nada contra o rapaz e até acredito que seja um daqueles jogadores que se torna num dos anti-heróis do Benfica, um daqueles tipos que amamos odiar. Mas antes disso vai ter que passar uns anos em Espanha, fazer uns churrascos, ganhar uns quilinhos e celebrar um Campeonato andando de scooter no relvado. Enquanto isso não acontecer, perguntem ao Jorge Jesus se conhece mais algum Bernardo Silva que possa fazer o lugar de lateral esquerdo.

Já do lado oposto, estava um jogador cada vez mais identificado com os adeptos. Sim, o Almeidinhos. Quando fizemos a primeira jogada digna desse nome, o nosso John O'Shea mostrou-se tão maravilhado com a sua participação nela como qualquer um de nós estaria no seu lugar, com a sua expressão a mostrar que tinha as mesmas questões que qualquer um de nós teria no seu lugar: "o que é que eu estou aqui a fazer?" e "como é que isto me aconteceu?" Até à entrada do Grimaldo (que esteve melhor na defesa, até se lembrar que também sabe fazer daquilo), estes dois cavalheiros foram acompanhados por um Vlachodimos que me parece sofrer ainda hoje com o que fez no jogo anterior. Se Bob Dylan perguntava quantas estradas tem um Homem de andar até ser chamado Homem, Odisseas parece perguntar-se quantos golos tem de tirar até se perdoar a si próprio. Considerando o número de defesas que tem de fazer por jogo, acho que só para a próxima época. Mais do que princípios tácticos, a base da nossa defesa é a solidariedade e isso foi bem demonstrado pelo Senhor Ferro, quando tentou um remate de 30 metros que foi parar à bancada para mostrar que não é só o Rúben Dias que toma decisões incompreensíveis. Mais tarde o Senhor Ferro voltou a ser solidário, mas desta vez com os adeptos, quando fez um remate de 30 metros que resolveu a eliminatória.

Mais à frente esteve um meio-campo digno de um filme de M. Night Shyamalan. Começando pelo bem aparecido Ljubomir Fejsa no papel de Mr. Glass, o cérebro invisível por trás de toda a operação e que, sempre que cai ao chão, nos faz pensar "f"#$-se, já deram cabo dele outra vez", arrancando também passes de 50 metros que há muito não se viam sair daqueles pés. A acompanhá-lo estiveram o Gabriel no papel de David Dunne (O Protegido), capaz de aguentar com todo o peso da Equipa às suas costas enquanto corre durante 120 minutos sem aparente cansaço, o Zivkovic no lugar de Kevin (Split), um personagem com múltiplas personalidades, que tão depressa inventou espaços para jogar como depois fazia cruzamentos que saíam pela lateral do lado oposto e o Pizzi. Ah, o Pizzi... Capaz de correr como o Gabriel e de passar como (e para) o Jonas. Capaz de me despertar esperança no futuro quando o vejo pegar no jogo e memórias do passado, quando bateu um livre à frente da baliza directamente para a bancada e me fez ter saudades do Simão Sabrosa.

A nossa primeira parte só não foi melhor porque este meio-campo estava a construir para um ataque em que o Jota e o Rafa seguraram tantas bolas como seguram letras dos respectivos nomes próprios. Melhoraram os dois na segunda parte quando passaram para as alas e puderam correr como os dois loucos que são - se o Rafa fosse a correr até à Croácia, chegava primeiro que o avião do Dínamo - e melhorou a equipa quando entrou o nosso Cavaleiro das Trevas, cheio de ligaduras, mestria e vontade de mostrar que velha é a p%&a que pariu. Mas não há Batman sem Robin e foi com a entrada do Miúdo Maravilha que se viu que o Seixal é uma uma espécie de Gotham City: quando o Jota saiu, ia com o ar maravilhado de quem ainda não acredita no que lhe está a acontecer. Quando o João Félix entrou, ia com o ar concentrado de quem sabe que ia a jogo para resolver. Um dia vai ser ele a liderar a Liga da Justiça da Luz, mas por enquanto confiamos cegamente no Jonas.

CARREGA BENFICA!

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