Desp. Aves 0 - 3 Benfica - Amador de Bancada
- Filipe Pires
- 19 de fev. de 2019
- 4 min de leitura

Daqui a uns anos, quando celebrarmos a quinta Liga dos Campeões seguida com o Bruno Lage, alguém vai fazer o que se fez com o Barcelona de Pep Guardiola, uma das melhores Equipas da História do Futebol: vão lembrar um jogo em que o rolo compressor foi movido a pedais, numa fraca tentativa de descredibilizar e mostrar fraquezas. E se para o Super Barça os entendidos vão lembrar sempre um jogo com um qualquer Rayo Vallecano da Vida, para o Benfica vão lembrar sempre o jogo com o Desportivo das Aves em que nos limitámos a controlar e a ganhar 3-0. Esse jogo, dirão eles, é a prova incontornável de que o Benfica não é tão bom como o pintam.
Mesmo que o jogo tenha sido entre duas mãos de uma eliminatória da Liga Europa (a única conquistada com o Cruijff de Setúbal, a partir daqui é só para a Champions) e que tenha sido disputado num relvado em pior estado que o nome do guarda-redes do Desportivo das Aves. Já agora um abraço para o Beunardeau, deve ser lixado chegar ao secundário sem saber escrever o nome. Em pior estado que isso só os nervos da maioria dos Benfiquistas, que ainda não se habituaram a ver aquilo na defesa. Aquela coisa que eu agora não me lembro o que é. Levámos quase dois anos sem ver daquilo, é normal que me tenha esquecido... Digam lá por mim... é isso, passes! É por ter passado tanto tempo sem ver passes junto à nossa área que de vez em quando me sai o ocasional palavrão. Desculpem-me mais uma vez por isso.
Mas para além de (ainda) me dar cabo dos nervos, o nosso quarteto defensivo merece destaque por outras coisas. Por exemplo pela siesta ofensiva do Grimaldo. Hoje, em vez de arrancar desenfreadamente pelo corredor esquerdo, o Alex lembrou-se daquela parte do "Defesa" e preocupou-se muito mais com o trabalho de anular o Mama Baldé. E não há nada de errado nisto, é uma decisão sensata do jogador e do treinador. O nosso lateral esquerdo ainda é jovem, ainda tem muita coisa a aprender, mas tem todo o potencial para um dia ser um lateral completo, que mete o adversário no bolso e ainda aparece na área adversária. Como por exemplo o André Almeida, que se benze em todos os jogos para agradecer aos santinhos por ser Capitão de uma Equipa que tem o Rúben Dias em campo.
Ao lado do Capitão oficioso esteve um rapaz que eu acredito que desse para muita coisa menos para actor, porque estragava o clímax dos filmes. Com tanta calma, tanta classe e tanta eficácia, o Ferro era menino para passar à frente do vilão, desarmar a bomba atómica, roubar-lhe a esposa e fugir antes de ele ter tempo para acabar o discurso sobre a dominação planetária. A expulsão desta noite torna-o oficialmente um central da primeira Equipa do Benfica mas, infelizmente, depois da saída do Nesta de Oliveira de Azeméis acabou o jogo. Do nosso lado houve principalmente interesse em controlar a bola e do lado do Aves houve principalmente interesse em não chegar à nossa área, o que se percebe perfeitamente. Se estivessem a jogar contra o Benfica, iam para a zona do Rúben Dias e do Samaris? Era o ias!
Mas sinto que estou a ser injusto com o Samaris, porque o Grego é um verdadeiro estudioso e isso nota-se na sua evolução ao serviço do Benfica. Chegou cheio de sonhos e esperanças e ao início tudo parecia perfeito, seguindo-se uma fase de descontrolo e alguma turbulência. Depois veio o período de baixar a cabeça e trabalhar desalmadamente, para finalmente chegar o momento actual. Neste momento Andreas, depois de ver marcada uma falta por mão na bola que não cometeu, explica ao árbitro que cortou a bola com a cara numa dissertação de 1000 palavras, em vez de o encarar furiosamente e começar a contar as ilhas da Grécia.
Pegando ainda assim no assunto dos grandes artistas marciais, esta noite aconteceu um outro momento cinematográfico em campo, desta vez no ataque do Benfica. Foi curto (cinco minutos se tanto) mas durante algum tempo vimos a reunião entre Mr. Jonas Miyagi e João Félix-san, juntos mais uma vez para espalhar classe e para combater os rufiões (anos de espera para usar esta palavra num texto) do mau Futebol. A acompanhá-los esteve o Rafa, que deve ter passado a viagem entre Lisboa e a Vila das Aves a ouvir Ritual Tejo e que enquanto esteve em campo foi sempre assim, mais olhos que barriga, mais vontade que fadiga. E por cada bola que perdeu ou por cada passe que falhou, era só contar até três e lá estava ele a recuperar, como se tivesse nascido outra vez. Disse um dia António Simões que a essência do Futebol é o passe e que o próprio golo é um passe para dentro da baliza. Assim que se esqueceu disto, o Rafa conseguiu o melhor golo da noite.
E perguntam vocês: "Então e o Gabriel, o Pizzi e o Seferovic?" E respondo eu que esses já aparecem em todo o lado ao mesmo tempo, não precisam de aparecer aqui também. Vale mais a pena falar do Vlachodimos, que mal se dá por ele em campo.
CARREGA BENFICA!
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