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Love Of My Life - Que Estrabucho É Este?

  • Filipe Pires
  • 13 de fev. de 2019
  • 5 min de leitura

Podem acompanhar a leitura deste texto com esta música. Só estão relacionados pelo título, mas qualquer desculpa é boa para ouvir Queen.

Estamos na altura em que estamos, por isso acho que se impõe falar sobre as histórias da minha vida amorosa.

Pronto, já acabou.

Depois deste momento pleno de originalidade, quero deixar já a garantia de que tudo o que vão ler a seguir é verdade. Todas as histórias que vão ler aconteceram quase exactamente como vão ser contadas. E não é "quase exactamente" porque as tenha mudado para fazer boa figura - como vão perceber rapidamente - mas porque há coisas que já não me lembro.

Uma das coisas que me lembro é que, por duas vezes, pensei ter conhecido a mulher da minha vida. Batia tudo certo, a conversa era fácil, o sentido de humor era parecido e ajudava, um de nós era bonito e o outro era eu. Tinha tanta coisa em comum com estas duas raparigas que elas até de mulheres gostavam também. Sim, é verdade, por duas vezes na minha vida quase me apaixonei por uma lésbica. Isto dito assim parece só ofensivo e forçado, mas é mesmo verdade. Esta experiência infrutífera deixou-me ainda assim um ensinamento valioso: há dois tipos de lésbica no Mundo. Primeiro, existem as lésbicas que nasceram assim e que o assumem. Não há nada de errado nisso e existem até algumas vantagens: é mais uma para trazer cerveja para ver a bola, o à-vontade na conversa é muito maior e juntam a taradice de um homem com o jeito para achar boas fotos/perfis nas redes sociais das mulheres. Se querem lavar os olhos com jeito, arranjem uma amiga lésbica. Conselho de quem vos quer bem.

Com o segundo tipo de lésbicas, já tenho alguns problemas. Porque são lésbicas por acharem que é moda, para desafiarem a família ou simplesmente porque se querem sentir diferentes. São aquilo a que eu gosto de chamar "Lésbica Das Três Imperiais". Porque enquanto estão sóbrias são convictas daquilo que querem na vida, mas depois de três imperiais as coisas já não são bem assim. São o tipo de pessoa que manda mensagens às 11 da noite a perguntar se estamos acordados e a dizer que precisam de falar connosco. O que leva invariavelmente a que alguém se levante da cama e vá ao encontro das chatices. Antes de continuar, quero garantir pelo que quiserem que nesta altura eu não sabia que a rapariga tinha namorada. Sim, namorada. E foi aqui que começaram os problemas, porque depois de passar o efeito das imperiais, ela contou o que se tinha passado à sua cara-metade, ainda que numa versão algo diferente. O que originou esta bonita conversa:

Existem aqui várias coisas a destacar, entre as quais a mais óbvia de todas: fui ameaçado de porrada por uma lésbica. O que é óptimo para contrariar o preconceito de que as lésbicas são, basicamente, homens. Depois, quero destacar aquilo que me chateou aqui: o insulto disfarçado de piada de gordos. Eu não tenho nada contra piadas de gordos [têm aqui exemplos disso aqui (1) e aqui (2)], mas sinto-me no direito de exigir um mínimo de esforço. Dizer que a gordura me afecta os neurónios é só preguiça, é de quem não respeita a arte da comédia. Se querem fazer piadas de gordos, esforcem-se como eu me esforço a subir escadas. A seguir destaco a parte da conversa em que digo que me é difícil não arrancar para o insulto, o que é verdade. Sempre fui um rapaz de piada fácil e resposta pronta (o que ajuda a explicar alguma da pancada que levei na escola) e isso torna difícil não responder à letra quando me insultam. Mesmo assim, consegui não lhe chamar Lambe-Carpetes, Roça-Roça, Chapa-Com-Chapa, Tesourinhas ou Faíscas. É inegável que, nesta situação, tive mais classe que a fufa. Para acabar, chamo a atenção para a minha inocência quando tudo isto se passou, resumida na frase "sem querer ofender..."

Depois disto aconteceram mais algumas experiências bastante ricas em ensinamentos, a primeira das quais com a rapariga que me ensinou até que ponto uma mulher pode ser paciente. Estávamos a chegar ao cinema, no primeiro encontro, e decidimos comprar gomas para comer durante o filme. É nesta altura que ela me diz "eu não devia comer gomas, porque sou diabética". E antes de continuar, quero fazer um aparte. Sabem aquela barreira entre o cérebro e a boca, que nos impede de dizer a primeira coisa que pensamos? No meu caso essa barreira tem a altura de um degrau, se tanto. Foi isto que me levou a virar para uma pessoa que me tinha contado uma coisa pessoal e que me estava a deixar entrar na vida dela e dizer:

"Sabes qual é o teu problema no Inverno? Ficas com os tornozelos frios!"

E ela mostrou-me a profundidade da paciência feminina quando não só não me partiu a tromba naquele momento, como também não se foi embora. E eu não tinha como levar a mal nenhuma destas coisas. Foi também com esta rapariga que eu aprendi a baixar as expectativas. Não que ela me tenha desiludido, mas porque aprendi a não celebrar cedo demais, com esta história passada em Fevereiro de há uns anos. Começou novamente com uma mensagem, desta vez a dizer para nos encontrarmos num parque de estacionamento de uma praia, à noite. Em Fevereiro, volto a frisar. Arranco eu confiante na minha sorte e quando nos encontrámos ela disse que íamos a um café ali perto. Pareceu-me boa ideia, um copo ajuda sempre a quebrar o gelo e fomos então a isso. Houve conversa, houve bom ambiente e houve um senhor a passar com uma mala em que eu não reparei minimamente, mas que era a peça chave desta trama. Porque quando aquele senhor abriu a mala e pegou num microfone, mostrou-me até que ponto eu lancei os foguetes antes da festa, com uma frase que eu nunca vou esquecer:

"Muito boa noite, bem-vindos a mais uma edição Dr. Why!"

A última história aconteceu mais recentemente e ensinou-me que os homens são mesmo todos iguais. Porque uns dias depois de eu ter passado um serão bastante animado com uma outra moça (ena, tantas!), eu e o meu pai íamos no carro, com ele sentado no mesmo lugar onde ela tinha estado dias antes. Quando estacionámos, o meu pai curvou-se para para apanhar alguma coisa e perguntou-me: "de quem é este cabelo loiro?". E eu aprendi que os homens são todos iguais com a resposta que lhe dei, porque olhei para ele com o ar mais convencido que alguma vez lhe mostrei e disse: "é meu, queres ver?". Depois disto, demos mais cinco e fomos fazer um rally ilegal perdidos de bêbados, mesmo à macho.

Pronto, se calhar esta última parte não foi bem assim. Os meus pais em princípio vão ler isto, algumas pessoas que os conhecem também e todos eles sabem que isto é uma situação que nunca aconteceu.

O meu pai não dá mais cinco.

(1) https://portaldoalgarve.wixsite.com/portaldoalgarve/single-post/2018/05/15/O-Gordo-dos-%C3%93culos---Que-Estrabucho-%C3%89-Este

(2) https://portaldoalgarve.wixsite.com/portaldoalgarve/single-post/2018/11/21/Juvenal-Gaud%C3%AAncio---Que-Estrabucho-%C3%89-Este

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