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Amabílio Russo - Que Estrabucho É Este?

  • Filipe Pires
  • 25 de jan. de 2019
  • 4 min de leitura

Há ramos da Máfia que se estendem mais longe e profundamente do que alguma vez antecipámos. O poder do crime organizado pode alcançar dimensões dignas de filme ou, em casos extremos, de textos de carácter humorístico. É sobre um desses casos extremos que falamos hoje no Portal do Algarve, divulgando a entrevista feita a Amabílio Russo, um dos maiores mafiosos de Portugal, que aceitou falar em exclusivo ao nosso site antes de entrar no programa de protecção de testemunhas. Para esta entrevista, Amabílio preferiu esconder a voz. Não a cara, não o nome, a voz.

Antes de mais, muito obrigado por esta entrevista. Comecemos pela sua história: quem é Amabílio Russo?

Fonfon. Fonfon-fon, fon fon fon. Fon fonfon-fon, fonfonfon fonfon fonfon. Fon.

Desculpe-me senhor Amabílio, mas não consegui compreender a sua resposta. Podia repetir?

Fonfon. Fonfon-fon, fon fon fon. Fon fonfon-fon, fonfonfon fonfon fonfon. Fon.

Lamento, mas continuo a ter alguma dificuldade em percebê-lo. Talvez se falasse mais devagar...

Fon... Fonfon. Fonfon-fon, fon fon fon. Fon fonfon-fon, fonfonfon fonfon fonfon. Fon. Fon-fon?

Pois, realmente a sua voz está muito bem disfarçada. Tudo o que diz é completamente imperceptível...

Caraças pá! Eu disse: "boa tarde. Agradeço-lhe também o convite. O meu nome é Amabílio Russo e só há mais uma pessoa em Portugal com este nome e não tem nada a ver comigo. É um calceteiro de Marrazes e eu sou um mafioso de Coimbra" Não há paciência para vocês jornalistas pá... Agora vou ter que esconder a cara em vez da voz! Em vez de usarem a minha foto, exijo que usem a do calceteiro de Marrazes. Já agora, posso deixar um recado à minha esposa?

Com certeza senhor Amabílio, disponha.

Pronto. Então, se leres isto Eustáquia Russo, vai buscar os miúdos à escola. Não te esqueças que o Justino sai mais tarde porque tem a natação. O Valentim vai lá ter depois das aulas, por volta das cinco horas. Não te esqueças que é na C+S de São Brel D'Alpotrás.

Será com certeza entregue a sua mensagem. Mas falando agora da sua actividade de mafioso, que nível de poder é que conseguiu atingir?

Já estamos instituídos a um nível global e, dentro de cada País, somos uma das instituições mais respeitadas e até temidas, apesar de sermos indivíduos exactamente iguais a todos os outros.

E qual era a sua área de especialidade, chamemos-lhe assim, dentro dessa organização?

A tortura. Sempre com protecção legal da parte do governo e com a conivência e até voluntarismo dos torturados. Cheguei a ter filas de espera de meses para torturar pessoas.

E era o Amabílio que torturava todas essas pessoas?

Não, claro. Só aquelas que eu próprio escolhia, aquelas que me davam mais fama e reconhecimento dentro da organização. É lógico que ao princípio não podia ser tão selectivo, tinha que me cingir ao que aparecia. Mas com o tempo vem o estatuto e com o estatuto é possível passar a outros as tarefas que não queremos fazer. A idade é um posto até nesta organização, e chega a superar o mérito e o talento de cada um.

Falou em passar tarefas a outros. A quem se refere?

A uma série de gente paga e especializada em diferentes tipos de tortura. E temos gente muito boa nesses escalões vistos como mais baixos. Há até algumas pessoas que sabem mais sobre os métodos que aplicam do que eu alguma vez vou saber, mas também só lhe digo isto porque vou desaparecer do mapa da Família e porque todos os vestígios da minha existência vão desaparecer.

Se essas pessoas são assim tão boas naquilo que fazem, o que é que as impede de chegar ao nível que o Amabílio alcançou?

Muitas vezes é a falta de dinheiro. Porque a progressão dentro da Família é feita mediante pagamento de grandes quantias e com grandes períodos de treino, que podem redundar em falhanço se a pessoa não tiver dinheiro para pagar. Para além do dinheiro, fazer os amigos certos também ajuda.

Mas a Família não podia oferecer formação relevante a quem a quisesse subir dentro da organização?

(risos)... (risos histéricos)... (risos histéricos e choro de rir)... (risos histéricos, choro de rir e rola no chão agarrado ao ventre)... formação relevante e gratuita. Você é um tipo engraçado...

Obrigado por isso. Descreva-nos então os diferentes métodos de tortura que empregou e mandou empregar durante a sua carreira.

Bem, à cabeça está claramente a injecção de drogas e outros compostos que eu próprio não conheço a fundo e com nomes impronunciáveis até para mim. Mais uma vez, só admito estas falhas porque vou desaparecer rapidamente do alcance da Família.

E o que é que o levava a escolher um composto em função de outro? Qual era o critério na hora de escolher entre duas drogas semelhantes, por exemplo?

Escolhia a droga do traficante que me pagasse mais, tão simples como isso. Mesmo que outra fosse mais eficaz ou tivesse menos efeitos secundários, a minha escolha pendia sempre para o lado de quem pagava mais. Posso até dizer-lhe sem rodeios que muito daquilo que fiz dentro desta organização, fi-lo por dinheiro.

E para além da administração de drogas, que outros métodos de tortura são utilizados na sua organização?

Tudo o que conseguíssemos imaginar para deixar as pessoas desconfortáveis. Por exemplo, é uma prática corrente da Família obrigar as pessoas a jejuns prolongados para depois as sujeitarem a tortura com agulhas. Outra das mais populares é o bombardeamento com radiações, por vezes conjugado também com o jejum das vítimas e a injecção de químicos.

E quais eram os métodos de tortura que o Amabílio empregava pessoalmente?

A minha especialidade eram a busca de cavidades e a substituição de partes do corpo. Eram duas áreas que eu não deixava para ninguém e que eu adorava, tanto pelo desconforto que causava no momento como pelo desconforto posterior à tortura. Ás vezes, só pelo gozo de causar desconforto, obrigava pessoas a quem tinha tirado partes do corpo a sessões de tortura física localizada nessa zona.

Para finalizarmos a entrevista, podia dizer-nos qual é o título que lhe foi atribuído nessa grande organização criminosa?

Com certeza. Tinha o título de médico.

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