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Vamos Fazer Amigos Entre Os Animais - Que Estrabucho É Este?

  • Filipe Pires
  • 28 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura

Continuamos a ter touradas. Pior do que isso, temos quem ache boa ideia continuarmos a ter touradas. E como se não bastasse, temos quem ache que acabar com elas é má ideia. Como por exemplo o Senhor Manuel Alegre, que escreve muita coisa boa, mas que depois solta disparates como "Quem não percebe a corrida também não percebe a poesia" (1). Calha a todos caro Manuel, de vez em quando também meto umas argoladas. Estamos no fim (!) de 2018, num suposto pico civilizacional e cultural, mas ainda não chegámos à conclusão de que espetar ferros em animais não é exactamente o que se chama de cultura, é mais sadismo misturado com bestialidade. Como estamos em 2018 mas vivemos em 1818, o melhor que se conseguiu arranjar foi uma proposta para continuar a haver tourada, mas sem picar o touro, como se faz no Canadá, Grécia ou nos Estados Unidos (2). Quem diria que um dia usava os States como exemplo de um (ligeiro) avanço civilizacional. A desvantagem deste método é que o touro não perde força e, como não está a sangrar, é mais difícil de tourear. Ou seja, tem a desvantagem de um animal selvagem com 700 quilos se comportar como um animal selvagem com 700 quilos. De repente, isto começa a parecer uma boa ideia.

Mesmo com todas estas "inovações", é garantido que, sangrando ou não na arena, o touro morre depois da corrida, porque "um touro não pode ser lidado duas vezes" e porque quem cria um animal selvagem (eu sei, é estranho) não pode perder dinheiro, acrescento eu. Eu não conheço pessoalmente nenhum touro - conheço bastantes bois (e conheço-me a mim também, mas não vamos falar de tamanhos) - mas tenho a certeza de que eles têm uma coisa ou duas a dizer sobre isto. Com certeza que nenhum touro se importava de investir desenfreado contra um grupo de forcados diferente todas as semanas. E também não se importavam de utilizar os cornos para fazer exames à próstata gratuitos aos toureiros, porque andar com aquelas calças apertadas não faz bem nenhum.

Eu sei, eu sei. É tradição, deixa gostar quem gosta e essas tretas todas, não é? Pois claro que sim. Então, se me permitem, eu vou só ali dar continuidade à milenar tradição Chinesa de comer carne de cão. Crueldade? Nada disso! É tradição, deixem gostar quem gosta.

Imaginem agora que são apanhados a conduzir sem carta. Imaginem que é a quinta vez em 15 anos que isso vos acontece. E por último imaginem que são vendedores ambulantes. É esta a situação de um habitante do Barreiro (3). E a situação em si não é muito estranha, mas torna-se digna de registo quando se lê como é que o herói desta trama vai ter que cumprir a pena. Porque este senhor foi condenado a prisão domiciliária, mas durante a pena vai ter que passar os fins de semana na cadeia do Montijo, porque não tem electricidade legalizada na residência e por isso não pode apresentar um contrato como prova. Ou isso, ou então este homem tem os melhores amigos de que há memória, que o ajudaram a convencer a esposa de que ele tinha que sair de casa à Sexta-Feira e só podia voltar no Domingo, durante 42 fins de semana. O Natal até pode ser quando um homem quer, mas a Páscoa na Margem Sul dura sete meses.

Permitam-me agora que imortalize aqui um dos meus ódios de estimação: Sérgio Ramos. Quando pensei em escrever um texto para dizer subtilmente que todos os protagonistas são uns animais (lá se vai a subtileza), ainda não sabia que o capitão do Real Madrid tinha sido apanhado com doping (4). Mas, tal como o Real Madrid em todos os troféus que conquistou recentemente, tive sorte. Diz então a notícia que Sérgio Ramos (também conhecido como mete-nojo, grande mete-nojo ou O mete-nojo) acusou doping depois da final da Liga dos Campeões de 2017. Quando se soube o resultado do teste, o médico do Real Madrid explicou que o "jogador" levou duas injecções no joelho e no ombro para combater uma lesão. E tudo bem que foi o médico quem decidiu dar a medicação, mas a administração de medicamentos é um bocadinho como fazer amor: se não for consensual, é ilegal. Existe em tudo isto alguma justiça cósmica, já que na final da Champions deste ano, Sérgio Ramos aplicou um bonito (e intencional) golpe de judo em Mohamed Salah, lesionando-lhe precisamente o ombro e retirando-o do jogo. Não é justiça cósmica? É ele que é mesmo um mete-nojo que só não é expulso em todos os jogos porque está no Real Madrid? Pois é, têm razão.

Já em Abril deste ano, depois de um jogo em Málaga, este exemplo de profissionalismo e humildade quis escapar ao controlo, porque tinha uma panela de sopa ao lume e tinha de ir lá pôr o azeite daquele penteado. Quando foi chamado, o capitão do segundo maior clube de Espanha perguntou se podia tomar banho antes e, quando lhe disseram que não, porque ia contra as normas, mandou o responsável à fava e tomou o seu duche à frente dele. O autor deste relatório é, neste momento, a melhor pessoa para confirmar que o Sérgio tem a cara que todos nós dizemos que ele tem. E não, não é cara de cú. O exemplo que mais pessoas usam para não gostar de futebol já veio entretanto dizer que tudo não passa de uma tentativa de manchar a sua imagem como profissional (5). Se for este o caso, é trabalho mal empregue. Primeiro porque a imagem de profissional do senhor já é quase inexistente e segundo porque ele é muito melhor a manchá-la do que qualquer um, sempre que pisa um relvado.

Por fim, música. O Rock torna as pessoas violentas e a música clássica acalma o espírito, certo? Errado. Violentamente errado até, se olharmos para o Conservatório do Porto, onde os professores de música erudita se comportam como qualquer bom fã de Slayer num moshpit (6). E se nunca viram este bonito episódio da vida selvagem, está um vídeo a seguir. Mesmo com denúncias de violência e insultos, a direcção do Conservatório assobia para o lado, porque com aqueles meninos ninguém levanta cabelo. Esta situação só mostra como a música nos leva mais longe, neste caso a uma espécie de bullying 2.0. Porque se nos outros sítios há alunos a agredir alunos perante a passividade dos professores, neste caso são os professores a agredir os alunos perante a passividade da direcção. Mais do que isto, os professores do Conservatório do Porto mostram que ainda não esqueceram os seus tempos de estudante e que levaram o espírito de camaradagem que se forma nesses tempos para toda a vida. Porque se um bom colega é o que assina pelo outro quando ele falta a uma aula, no Conservatório registam-se aulas como dadas se o professor fizer o mesmo.

(1) https://observador.pt/2018/11/18/quem-nao-percebe-a-corrida-tambem-nao-percebe-a-poesia-nao-percebe-a-literatura/

(2) https://observador.pt/2018/11/24/deputado-socialista-vai-apresentar-proposta-para-que-touros-nao-sejam-picados/

(3) https://zap.aeiou.pt/falta-eletricidade-condenado-cadeia-228140

(4) https://desporto.sapo.pt/futebol/la-liga/artigos/relatorio-de-controlo-antidoping-desmente-sergio-ramos

(5) https://desporto.sapo.pt/futebol/la-liga/artigos/sergio-ramos-denuncia-tentativa-de-extorsao

(6) https://zap.aeiou.pt/clima-guerrilha-conservatorio-porto-228263

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