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Verão É Algarve - Que Estrabucho É Este?

  • Filipe Pires
  • 20 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura

Um dos meus textos preferidos é, sem dúvida, a mítica composição da escola primária. Seja sobre fins de semana ou férias, gosto muito de relembrar essa grande instituição do nosso sistema de ensino. E hoje, como sou um rapaz com muita criatividade, cheio de ideias novas e absolutamente original, vou recriar um0

a composição sobre umas férias no Algarve. Qual é o lado criativo, perguntam vocês? É que esta é uma composição escrita pelo ponto de vista de um adulto que decidiu vir para Sul na mesma altura em que 99.9% dos restantes adultos decidiram fazer o mesmo. Como se vê, a falta de originalidade não é uma coisa que me assalta apenas a mim.

«Em Agosto está calor. Esta é uma verdade assente, principalmente desde que esses c"F$@es dos Americanos começaram a mandar toda a espécie de lixo para o espaço e deram cabo da camada de ozono. Mas pronto, como estava de férias não me apetecia pensar em coisas más. Foi por isso que peguei na família, meti tudo no meu carro que gasta cerca de 10 litros de combustível a cada 100 quilómetros, ligámos o ar condicionado (que arredonda o consumo para 12 litros) e fomos para o Algarve.

O problema é que o Algarve é uma confusão em Agosto, porque há gente por todo o lado. Porque é que não se criam mais e melhores acessos não sei, mas acho que pelo menos estão a trabalhar nisso. Porque todos os anos no Verão vou para lá e todos os anos no Verão há obras na estrada. Mas a quantidade de gente nem é o maior problema. O que me chateia é que ninguém sabe conduzir exactamente como eu ou, por outras palavras, bem. E como se não bastasse, estas bestas andam na estrada para encalhar quem tem pressa de descansar à pressa, porque não há mais altura nenhuma no ano para marcar férias a não ser quando toda a gente marca.

Mas pronto. Mesmo com uma série de empatas no caminho que não sabem que a faixa da direita serve perfeitamente para ultrapassar quem nos impede de ir ao dobro do limite de velocidade, conseguimos chegar à casa que tivemos de reservar há dois anos e que custou um dos rins da minha esposa. Ainda nos deram a escolher entre esta e uma com janelas, mas para essa já tinha que vender o meu filho mais novo. Mas é bom na mesma, porque assim os putos aprendem que a vida não é só luxo como nós temos em casa, em que os meninos têm um quarto só para eles, com um beliche em que vão poder dormir até arranjarem um cubículo cada um e que lhes vai custar 10€ a menos do que o ordenado. E é assim que esta miudagem aprende a gerir o dinheiro, porque ter que chegue para comer todos os dias é um luxo.

Falando em miudagem, quando chegámos estava lá um miúdo qualquer a falar com o senhorio. Um puto qualquer mimado que não sabe o que é a vida, pela conversa dele. Estava a largar umas patacoadas quaisquer sobre pagar o suficiente para ter direito à casa o ano inteiro e que o senhorio não tinha o direito de o pôr de lá para fora porque ele nem tinha contrato e o senhorio metia a renda toda ao bolso, com as despesas à parte. Aquilo lá se resolveu quando o senhorio disse que se o puto fosse às finanças não ganhava nada, porque o chefe da repartição é amigo dele. Depois disto, o miúdo lá foi à foi à vida dele, para a noite com certeza.

Para a noite fomos também nós, depois de tudo arrumado e de a minha esposa ter passado umas horas numa banheira cheia de gelo para pagarmos a estadia e de eu ter ido a uma papelaria comprar agrafos para lhe fechar o buraco do rim. Teve que ser assim, com um curativo caseiro, porque se não fosse tínhamos de ir passar o resto da semana na urgência do hospital público ou vender o outro rim para pagar a conta num dos privados. Mas até foi melhor assim, porque como ela perdeu muito sangue acabou por ficar pálida e então entrámos à vontade no sítio onde fomos, porque acharam que ela era estrangeira. O pior foi depois à saída, quando tivemos de vender a perna do meu filho mais velho para pagar a conta, porque acharam que ela era estrangeira.

No pouco tempo em que estávamos em casa, íamos vendo na televisão notícias sobre as pessoas que escolhem ir de férias para sítios com pouca gente. É preciso ser realmente parvo para passar férias sem ser numa praia superlotada. Assim como é que vão encontrar os colegas do trabalho em férias, para conversarem sobre os empregos? Como é que toda a gente vai saber onde é que eles estiveram e quanto é que gastaram nas férias? Cambada de otários."

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