A Ditadura do Chocolate - Que Estrabucho É Este?

São tempos negros os que se vivem. Negros, brancos, de leite, com amêndoas ou de avelã. Vivem-se os tempos do chocolate e da opressão a nós que não gostamos dele, olhados de lado que somos como se a frase "eu não gosto de chocolate" soasse a "eu na verdade tenho um braço nas costas, que uso para puxar as cuecas para fora do rabo sem ninguém ver". Não existe forma de comprar um pão-de-ló com doce de ovos sem termos que aguentar com um desenho foleiro, feito com manteiga misturada com cacau e mais substâncias cancerígenas do que um cigarro. Mesmo a fruta chega a ser conspurcada (ou melhorada, como dizem os tiranos) com uma camada deste pesadelo. Só mesmo gente insana para tentar melhorar o que a Natureza nos oferece juntando-lhe o pior que nós oferecemos à Natureza. Rebuçados de fruta? Sim, gosto. Porquê?

(Só um aparte: eu não me esqueci de guerras, fome, exploração infantil, escravidão, pedofilia, tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos nem de tudo aquilo que as religiões nos deram até hoje e que é basicamente tudo o que eu enumerei atrás. Simplesmente achei que aquela piada era gira e fiz. Pode ser? Obrigado).

Por isso, senhores confeiteiros que me lêem: para quando alternativas sem chocolate? Ou pelo menos, para quando uma quantidade razoável delas?

Quem já tentou comprar produtos sem esta massa disforme de cacau e diabetes sabe do que estou a falar e sabe que é quase impossível comprar doçaria que não envolva a besta castanha. Há neste Mundo gente que não gosta e que preferia comprar as suas guloseimas sem dar cabo das costas de tanto ter que virar as prateleiras de baixo desta Vida, ou sem ter que entrar nas secções de bolachas com um chapéu e um chicote, tal é o trabalho de arqueologia que essa procura envolve.

Eu sei que somos só três pessoas, mas temos o mesmo direito que os outros 6.999.999.997 habitantes do Mundo a comer porcaria que ainda não tenha sido revirada e rejeitada por quem pega no primeiro pacote que encontra e que depois o deixa duas estantes à frente, junto das porcarias que contêm a porcaria suprema. Nós queremos bolachas de baunilha e bolos de coco frescos e nos sítios certos! Queremos não ter de ler listas de ingredientes para sabermos se estamos ou não a comprar a infame mancha castanha que se aloja no fundo na nossa felicidade.

E queremos, mais do que tudo, escapar aos espertalhões que nos apanham a jantar com o inimigo. Olham nos com um sorriso sarcástico enquanto dizem: "então, pensava que não gostavas de chocolate..." e não gostamos! Simplesmente não havia mais nada para comer!