Largada de Touros - Que Estrabucho É Este?
- Filipe Pires
- 6 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

Aparentemente, a semana que passou foi a Semana Mundial da Tauromaquia e ninguém avisou a malta de Barrancos. Com tanto boi que anda à solta no Mundo, começo a pensar que se calhar devíamos andar todos na rua vestidos de branco e com uma faixa vermelha à cintura, só para dar realismo à coisa.
Começamos por uma modelo de 14 anos a morrer de exaustão (1), nesse país tão preocupado com os direitos humanos que é a China. É perfeitamente normal (e até saudável) que uma criança de 14 anos ganhe a vida com o corpo, com bois a bufar de um lado e de outro da passerelle. O que é bom é para mostrar e a idade é só um número, afinal de contas. Desde, claro está, que seja para glorificar a sexualidade e o poder da Mulher. Pôr uma criança a trabalhar ao fim-de-semana para ajudar a família, isso não. Isso já é desumano.
Continuando pelo maravilhoso Mundo do espectáculo, temos um outro exemplar da raça bovina a tentar desculpar o abuso a um rapaz menor com homossexualidade (2). Há 50 anos, ou mesmo na altura em que se passou a situação, esta era capaz de pegar. Hoje em dia, a maioria das pessoas já reconheceu que a homossexualidade não é uma doença mental, por isso não vale a pena fugir com o rabo de uma seringa metafórica para outra.
Isto das metáforas é muito engraçado, mas a malta de Elvas é que as sabe fazer a sério. Na altura da Fiesta do Toureio, bois metafóricos puseram crianças à frente de bois verdadeiros (3). As crianças são filhas de um cavaleiro e de um bandarilheiro que, sabendo que nem todas as perturbações mentais são hereditárias, tentaram passar a sua aos filhos desta forma. Ainda assim, isto não é tão mau como os pais que fazem os filhos ser do mesmo clube que eles, esses bandidos.
E já que se fala de bois à solta, dois deles perderam-se e foram para Coimbra (4). Os dois novilhos que estão no vídeo começaram por agredir um funcionário de uma cadeia de fast-food (provavelmente porque vendeu um bife da mãe de um deles) e, não satisfeitos, espancaram quem tentou pôr fim à agressão, e são essas a imagens que se mostram. Isto, mais do que falta de bom senso, mostra falta de arte na lida com animais selvagens. Porque se fossem as duas crianças de Elvas a estar presentes, estes bois ficavam mansos sem confusão nenhuma.
Abusos de poder, agressões e bois sem rédea. Já se falou de tudo isto em separado, agora fala-se de tudo isto em conjunto. Para o público geral foram agressões numa discoteca, para quem já foi a uma é outra vez arroz (5). Meia dúzia de seguranças a bater em alguém no fim da noite é uma coisa tão estranha como o Natal ser em Dezembro. Supõe-se (e em Portugal supõe-se sempre com muita certeza), que os espancados estavam a arranjar problemas. É verdade que há sempre quem abuse, é verdade que se atura muita coisa nestes trabalhos. Mas também é verdade que menos esteróides e mais chá de tília ajudavam a evitar muita coisa.
Se Alcochete é Sevilha em ponto pequeno, o Mundo está se a tornar Pamplona em ponto grande.
Fontes:
(1) https://zap.aeiou.pt/modelo-14-anos-morre-apos-colapso-exaustao-178620
(2) https://zap.aeiou.pt/kevin-spacey-pede-desculpas-apos-acusacao-de-assedio-e-revela-homossexualidade-178579
(3) https://www.publico.pt/2017/10/31/sociedade/noticia/autoridades-investigam-tourada-com-criancas-1790630
(4) http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2017-11-02-Agressao-em-Coimbra-tratada-como-tentativa-de-homicidio
(5) https://www.publico.pt/2017/11/02/sociedade/noticia/psp-investiga-agressoes-na-discoteca-urban-beach-em-lisboa-1791167
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