A Idade De Ter Filhos - Que Estrabucho É Este?
- Filipe Pires
- 25 de set. de 2017
- 2 min de leitura

A partir dos 25 anos, quase toda a gente começa a ouvir a grande questão: "Quando é que pensas em ter filhos?" E não vem só nesta forma. Isso é que era bom! A partir dessa idade, muitas vezes nem um bom dia se ouve. É um verdadeiro bombardeamento, quer através de questão directa, quer através de dicas subtis. Como por exemplo: "Quando é que tens filhos?" "Já estás na idade de ter filhos!" "É a melhor coisa do Mundo, ter filhos!" "A minha vida nunca mais foi a mesma desde que tive filhos!" "Sou muito mais feliz desde que tive filhos!" "Filhos! Filhos! Filhos! AHAHAHAHAHA!" E eu não estou pronto para ter filhos. Aos 27 anos, não estou minimamente pronto para isso. Porque acho que vou ser um péssimo pai. Pai que é pai (e mãe que é mãe) tem que abandonar todos os antigos motivos para não fazer alguma coisa que sempre quis. Em vez de "cancelaram-me as férias", "estava mau tempo" ou "não tinha dinheiro suficiente", os bons pais têm que apresentar o motivo "nós de facto íamos fazer a viagem dos nossos sonhos, íamos fortalecer imenso a nossa relação e íamos ser completamente felizes um com o outro. Mas entretanto apareceu o nosso príncipe e olha, ficámos por cá!". Este é o motivo a apresentar porque, como se sabe, não há forma de prevenir o nascimento de bodes expiatórios. Perdão, de crianças.
Mas mais do que isso, em vez de dar importância às essenciais fotos de férias, vou dar muito mais importância às dispensáveis fotos de comida. Toda a gente sabe que fotos de comida são foleiras e que depois os meus filhos vão andar bem alimentados e não vão ter histórias para se fazerem grandes ao pé dos outros. E a comparação de pilas na escola é muito importante, principalmente para os pais. Depois, vou admitir que talvez o meu filho talvez não seja um génio, mesmo que aos 4 anos já saiba dizer duas cores. Em vez de culpar os professores quando as coisas não lhe correrem bem, vou traumatizar a criança e dizer-lhe que tem de trabalhar mais. E toda a gente sabe que é inadmissível educar uma criança para assumir responsabilidades em vez de a educar para ser uma vítima. Se o tiver comigo durante duas semanas depois do nascimento, já devo ter muita sorte. Por último aquilo que me preocupa mais: as coisas más que ele vai aprender com as companhias. Porque se o meu filho for um delinquente, um vândalo ou um verdadeiro falhado, a culpa não é minha. A culpa é das companhias e do que ele aprende na escola com os outros, é dos jogos, dos filmes e das músicas. A sociedade é que faz das crianças más pessoas. Era o que faltava, dizer que a culpa é dos pais!
Comentários