É da Praxe - Que Estrabucho É Este?

Há sítios onde já começou, há sítios em que vai começar ainda. A do Algarve decorre entre esta semana e a próxima. E como é do Algarve que aqui se fala, vamos então à garantia de aberturas de jornais e de areia nos olhos durante o próximo mês e meio: a Praxe.

Há sempre pais indignados e isso é um ponto assente. Porque ninguém educa um filho para lhe fazerem aquilo e porque é desumano tratarem as crianças daquela maneira. E havendo pais (ou seja quem for, já que estamos aqui) indignados, há sempre cobertura e há sempre quem dê voz à indignação ignorante. Especiais, reportagens com vozes disfarçadas, não vá alguém com um sério caso de amnésia alcoólica lembrar-se de um caloiro entre centenas (ou dos pais de um deles) e debates parlamentares e televisivos. Tudo isto a juntar ao Gabinete de Regulação da Praxe, um nome quase tão grande como a quantidade de tachos que ele oferece no governo. Falando a verdade, não sei se este gabinete ainda está activo e por favor corrijam-me se não estiver.

Pouco interessa o buraco em que estamos e o facto de só podermos sobreviver. Nós, eu e vocês. Porque quem comanda é quem pode viver e quem comanda quer um povo ligeiramente distraído. Com duas palas e uma cenoura pela frente, lá vamos carregando com isto e reclamando do que se resolvia com um coice. Mas isto não é um manifesto político, é um texto sobre uma coisa muito mais grave do que gente com fome e sem casa. É sobre o facto de, durante as próximas semanas, os meninos coitadinhos irem passar os tormentos da integração.

Por isso Caloirada, preparem-se. Durante as próximas semanas vão ser acolhidos, apresentados a meio mundo, fazer amigos que vão levar para a vida, vão ser alimentados não raras vezes pelo bolso dos tiranos que vos oprimem, vão ter toda uma estrutura montada para vos fazer sentir em casa e que, estando vocês longe das vossas famílias, vos vai fazer sentir que aquelas pessoas são também família. Vão ser obscenamente pressionados a sentir pelo menos alguma paixão pela formação que escolheram e que se vai tornar no vosso futuro. E pelo meio vão ouvir uns insultos que qualquer pessoa com um mínimo de estrutura emocional aguenta.

Agora que já leram: olhos no chão, caloiros!