OPINIÃO: MUITO HONESTAMENTE, ENQUANTO DEFENSOR DA CAUSA ANIMAL...

Acho que começa a ser ridículo o extremismo com que muita gente defende a causa animal hoje em dia. Não, diria mesmo: começa a meter nojo. Não é novidade para ninguém que defendo com unhas e dentes tanto os direitos humanos, como o direitos dos animais que, ao contrário do que é tantas vezes negado por tantos, são os mesmos direitos que qualquer ser vivo a coabitar no mesmo planeta. Mas de facto, o sensacionalismo com que meteram na cabeça conseguir fazer as coisas, até a mim me mete nojo. Mete-me o mesmo nojo de quem me chama hipócrita porque como carne, mas sou contra touradas (apesar de, por acaso, não ser consumidor de porcos, borregos ou vitelas, mas não o salientar por não considerar necessário justificar-me seja a quem for neste mundo). Mete-me o mesmo nojo de quem me chama hipócrita porque só defendo animais porque está na moda (embora tenha consciência de que para muitos é precisamente isso, para mim não). Mete-me o mesmo nojo de pessoas que comparam "judiar com um animal numa arena" com "ir à ovibeja", por exemplo. Muito honestamente, aquilo que eu pessoalmente defendo, é que um animal tem o direito de não ser massacrado em prol do ego do ser humano. Apenas isso. E apesar de não ser consumidor de carnes vermelhas, por minha própria opção, considero o mesmo extremismo inconsciente, quem apedreja quem a consome e quem denigre quem não se alimenta de vegetais. Apesar de, em normais circunstâncias me devesse espelhar nas pessoas que defendem a causa animal, em várias circunstâncias isso não acontece, muito por consequência de não os conseguir inserir num grupo que considero correcto. Pois se por um lado não entendo como conseguem denominar de diversão o espectáculo tauromáquico ou circense, por outro nunca consegui compreender o restrito grupo de pessoas que defende a mesma causa que eu - a causa animal - e que age em prol da cessação da violência e agressividade animal com a mesma violência e agressividade. Hoje, finalmente consegui identificá-los. Pertencem sem qualquer sobra de dúvida ao mesmo grupo de pessoas que maltratam e chamam de censura ou ditadura quem defende a cessação desses maus tratos. Iria ainda mais longe: pertencem a um grupo de pessoas ignorantes que abraçam uma causa sem entender a essência dessa causa: a aceitação de todas as formas de vida, a convivência saudável entre todas as espécies, o respeito por todas as formas de vida. Repito: O RESPEITO POR TODAS AS FORMAS DE VIDA e pela individualidade de cada um. Hoje, e apesar de achar que o tal grupo restrito de pessoas que defendem a mesma causa que eu, mas do qual estranhamente sempre me desidentifiquei já tinha alcançado todos os limites do extremismo e da ignorância com que agem para acabar com outro extremismo e ignorância, voltei a surpreender-me. Arregalei os olhos, incrédulo, congelei. Da mesma maneira que congelei quando alguém invadiu o meu facebook para defender os direitos de um macaco que foi morto para salvar um ser humano, mais uma vez eu congelei. Não consigo de todo descrever um dito "defensor de respeito por todas as formas de vida" a manifestar contentamento pela morte de um ser humano na prática da actividade tauromáquica, com infelizes comentários a dizer "bem feita, não se tivesse ido lá meter". Oh meus senhores, "bem feita, não se tivesse ido lá meter"? Será que entenderam que morreu uma pessoa? "BEM FEITA" porque morreu uma pessoa? Sabem uma coisa, envergonha-me o facto de do mesmo lado em que me posicionei, existirem pessoas a agir por modismo, demonstrando a cada dia que não são nem nunca serão defensores desta causa. Não passam de gente sem sentido na vida nem opinião própria que busca incessantemente inserir-se num contexto social, mas não lhe conhecem a essência e por isso se mantêm completamente descontextualizados, à margem, desintegrados. A esse nojo de pessoas que defendem a causa animal manifestando contentamento pela perda de uma vida, eu dirijo a minha pena. E entristece-me o facto de lutar a cada dia por uma causa que, acabará por se distanciar de um desfecho justo, pelas palavras cruas de quem não entende que para mudar mentalidades é necessário aceitação, paciência e compreensão da essência desta causa: o respeito por TODAS as formas de vida, o que se revela muito para além de "travar uma guerra". As minhas condolências aos familiares pela perda!