Amador de Bancada
- Filipe Pires
- 1 de set. de 2017
- 3 min de leitura
Para que não existam confusões: sou do Benfica. Esta rubrica vai ser, principalmente, sobre jogos do Benfica. E podem por isso contar com o mesmo nível de isenção e imparcialidade de um árbitro no Estádio das Antas. Não me enganei, é mesmo Estádio das Antas. Vocês sabem do que é que eu estou a falar.
À partida, escrever ou fazer seja o que for pelo Benfica é a maior honra que existe para um Benfiquista. Parvoíce, pois claro. Trabalhar pelo Benfica é o pior emprego do Mundo. Somos 14 milhões de patrões e para nós nunca nada é suficiente. Acredito plenamente que, quando ganharmos a Liga dos Campeões, no meio da festa vai estar um Benfiquista (provavelmente eu) a dizer: "pois pá! Foram lá e trouxeram a Taça, que também não era mais do que a obrigação deles. Mas a jogar assim não vamos a lado nenhum! Se calhamos a apanhar uma equipa mais ao nosso nível estamos feitos!"
Há uma história perfeita para ilustrar isto, para que não digam que só digo alarvidades da boca para fora. Daqui para a frente vou dizer, mas neste post não. Esta história passou-se a 31 de Agosto de 2009 e o protagonista é o meu pai. Nesse noite, o Benfica ganhou por 8 (oito!) a um ao Vitória de Setúbal e esteve a ganhar por 8 (oito!) a zero. Quando o Vitória fez, aos 90 minutos, o golo de consolação, o ponto de honra de uma equipa que foi cilindrada, o meu pai virou-se para mim e disse-me palavras que me ficaram até hoje:
"É sempre a mesma merda! Apanham-se a ganhar, deixam-se dormir."
E isto não se fica por aqui. Tenho a certeza de que, com as muitas Lendas que vestiram o Manto, foi exactamente a mesma coisa. Só lhes demos o estatuto que merecem depois de deixarem de jogar ou de saírem para outro lado. Por exemplo:
António Simões:
Antes: é um brinca na areia! Quer é fintinhas e mais fintinhas e nunca faz nada com a bola! Ou passa para trás ou manda contra um adversário para ganhar um lançamento. Não sei o que é que vêem nestes gajos para os meter na primeira equipa do Benfica...
Depois: Simões?! Senhor António Simões! E lavas a boca para falar deste génio! Um bailarino! Um mago no relvado! O pé esquerdo deste Homem devia ser considerado uma das Maravilhas da Natureza!
Fernando Chalana:
Antes: outro brinca na areia. Arranja sempre maneira de parar um jogada só para fazer mais uma finta. Ninguém o vê meter uma bola na área, quer é pôr os olhos no chão e fintar. É outro Simões...
Depois: o Chalanix! O Pequeno Génio! Aquilo é que era jogar à bola! Há um jogo em que ele arranca e tira CINCO do caminho sem tocar na bola! É outro Simões! (já agora, ninguém sabe qual foi o jogo em que o Chalana tirou cinco do caminho sem tocar na bola, só sabemos que aconteceu).
Eusébio:
Antes: epá, ninguém vê este gajo a fazer uma jogada! É correr e chutar, correr e chutar! Não faz um passe de jeito, não tem um gesto técnico que justifique a contratação, não é nada que ali anda. Dêem-lhe a bola e deixem-no ir, que é assim é que ele é bom! Em Portugal chega, mas se calha a apanhar um defesa sem medo dele, desaparece.
Depois. É o Rei! O Benfica é a minha religião e o meu deus é o Eusébio!
Porque é que somos assim? Porque sabemos o quanto amamos esta Camisola e porque sabemos o quanto queremos que quem a representa a ame também. Quem veste de Vermelho e Branco tem que ter a noção de somos De Muitos, UM! E somos UM chato do caraças. CARREGA BENFICA!!!!!
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